O subcapítulo orçamental das reuniões entre o Governo e o Chega teve no sábado mais um contributo, o do líder da Iniciativa liberal que veio validar a tese do primeiro-ministro sobre a inexistência de acordos para o Orçamento nessas reuniões agora reveladas. Rui Rocha veio dizer que também teve encontros a 15 de julho e 23 de setembro com o primeiro-ministro, feitos com reserva, mas garante que foi uma “reunião absolutamente normal”.

“As duas reuniões que se tornaram públicas, 15 de julho e 23 de setembro, foram não comunicadas à comunicação social e foi dito que desejavelmente deveriam ser reservadas. Penso que há vantagens, que é aquilo que se faz sempre, que não haja uma constante exposição de reuniões”, explicou em entrevista à SIC Notícias este sábado, acrescentando que a Iniciativa Liberal teve ainda outras duas reuniões com ministros do Governo, do conhecimento da comunicação social.

Sobre as negociações secretas de André Ventura com Luís Montenegro, onde lhe terá sido proposto um acordo para este ano e uma integração no Executivo num futuro próximo, Rui Rocha afirma-se convicto de que o líder do Chega não está a dizer a verdade. “Desafio que venha dizer o contrário.”

“A minha convicção é que André Ventura nunca teve uma proposta do primeiro-ministro para integrar Governo ou para qualquer tipo de acordo estruturado com o governo. Se André Ventura tem provas do contrário deve mostrá-las ao país”, desafiou. “Dizer que fez reuniões e que houve uma proposta de acordo é abusivo”, acrescentou numa altura em que Ventura não só garante ter tido cinco reuniões com o primeiro-ministro como que lhe foi proposto um acordo para o Orçamento num desses encontros.

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Quanto ao Orçamento de Estado, considerou ser “um mau orçamento”, afirmando que se nas próximas fases não houver uma evolução que a Iniciativa Liberal considere favorável, o partido não vai votar no orçamento atual. “Se o orçamento se mantiver, eu creio que é um mau orçamento e nesse sentido é um ano perdido. Para isso então mais vale uma clarificação política”, explicou. “Eu estou convencido que a AD, o PSD, de fevereiro de 2024 não votaria a favor deste Orçamento agora apresentado”, defendeu: “Um orçamento que tem o mesmo nível de despesa, de carga fiscal, de falta de ambição para o país. Nem Fernando Medina se revê nele? Nesse sentido é um mau Orçamento.”

Questionado sobre as críticas de Luís Montenegro aos jornalistas, sugerindo que as perguntas são “sopradas” aos ouvidos quando utilizam auriculares, Rui Rocha diz ter sido uma intervenção extremamente infeliz e que “no momento em que o primeiro-ministro começa a ter este tipo de intervenção, está a ir pelo caminho errado”.

“A liberdade de imprensa, de expressão e jornalística devem ser preservadas acima de tudo e eu creio que o artigo escrito à posteriori não resolve a questão. Portanto o ato em si é absolutamente condenável, indesejável, um momento extremamente infeliz do senhor primeiro-ministro”, acrescentou o líder da Iniciativa Liberal.