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O advogado do primeiro lesado a apresentar queixa no processo BES/GES defendeu esta terça-feira que o tribunal se concentre nas responsabilidades patrimoniais de Ricardo Salgado, mas não nas criminais devido à sua situação de saúde.
“Ricardo Salgado tem de responder patrimonialmente por aquilo que fez, mas, do ponto de vista criminal, entendo que a sua responsabilidade tem de ser avaliada em função da situação em que está e todos vimos como é que ele está”, afirmou Ricardo Sá Fernandes, à porta do tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa, onde esta terça-feira começou o julgamento do maior processo do Universo Espírito Santo.
O advogado representa o primeiro lesado a apresentar queixa, ainda antes do colapso do Grupo Espírito Santo e assegurou que irá defender os direitos patrimoniais do seu cliente, mas não “à custa de valores fundamentais da pessoa humana”.
Sá Fernandes referia-se ao antigo banqueiro Ricardo Salgado, principal arguido do caso BES/GES, que esteve esta terça-feira presente na primeira sessão do julgamento, após o tribunal ter rejeitado um pedido de dispensa do ex-banqueiro do julgamento devido ao diagnóstico de Alzheimer.
Defesa de Salgado pediu para ser identificado e dispensado de permanecer na sala
“Eu não confundo os planos. Estou aqui para defender os direitos patrimoniais do meu cliente, que foi o primeiro lesado deste processo, mas não o quero fazer à custa de valores em que eu acredito”, afirmou o advogado.
Sublinhando que, em matéria patrimonial, a responsabilidade do antigo banqueiro deve ser apurada e que espera até uma condenação nesse âmbito, Ricardo Sá Fernandes disse ter reservas do ponto de vista criminal.
“Não sou uma consciência que se aluga. Sou um cidadão, um advogado, um jurista que se orienta pelos valores em que acredita, e que não mudam quando sou de um lado ou de outro. Entendo que as responsabilidades patrimoniais devem ser apuradas. Mas do ponto de vista criminal, entendo que não”, concluiu.
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O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.
Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.