Cerca de 40 investigadores de universidades europeias e norte-americanas participam até sexta-feira em Madrid no congresso “Portugal, 50 anos depois: ecos do 25 de Abril”, dedicado ao impacto da revolução na literatura e cultura de diversos países.
O congresso arranca esta quarta-feira de manhã e estende-se por três dias e três locais diferentes da capital espanhola: o Ateneo de Madrid, a Universidade Complutense e a Universidade Autónoma de Madrid.
Nestes três dias, investigadores de universidades portuguesas, espanholas, francesas, italianas, brasileiras, moçambicanas e norte-americanas vão refletir e apresentar comunicações sobre, por exemplo, o impacto do 25 de Abril nas literaturas de todos os idiomas de Espanha, a influência da revolução na produção cultural de países como Roménia, Itália, Brasil ou França, ou “as memórias do 25 de Abril desde uma perspetiva da mulher”, como explicou à Lusa uma das diretoras do congresso, Filipa de Paula Soares.
Temas como a censura ou a ligação do 25 de Abril aos países de língua oficial portuguesa serão também abordados.
O objetivo foi fomentar o trabalho entre universidades e pô-las a fazer “uma reflexão sobre o 25 de Abril e os ecos do 25 de Abril na sociedade atual, desde uma perspetiva histórica, cultural e literária”, não centrada na política, como é mais habitual, disse Filipa de Paula Soares, que é a responsável do Centro de Língua Portuguesa da Universidade Autónoma de Madrid, do Instituto Camões, e que coorganizou o congresso com Bárbara Fraticelli, da Universidade Complutense de Madrid).
O congresso realiza-se em Espanha, um país que viveu uma transição democrática simultânea com Portugal, uma perspetiva que também será abordada nos próximos três dias.
Portugal e Espanha têm, aliás, em curso uma programação cultural conjunto para assinalar os 50 anos de democracia nos dois países e o papel da cultura no fim das ditaduras e na consolidação das democracias.
Às duas universidades madrilenas — onde decorrem os debates e comunicações de quinta e sexta-feira —, juntou-se o Ateneo de Madrid, “um espaço de pensamento por excelência”, que acolhe esta quarta-feira o primeiro dia do congresso.
Entre os 40 oradores há académicos reconhecidos de diversas universidades, mas vai ser dado palco a novos investigadores, que submeteram candidaturas e passaram por um processo de seleção para fazerem comunicações no congresso.
“Fizemos questão de dar oportunidade aos novos investigadores, que normalmente têm uma certa dificuldade para participar em eventos destas características”, explicou Filipa de Paula Soares, para quem o congresso, além de pretender ser um momento de “divulgação e de criação de pensamento crítico” em torno do 25 de Abril, vai também permitir aprender sobre processos e consequências da revolução portuguesa, havendo várias comunicações que resultam de estudos cujas conclusões ainda não foram publicadas ou mesmo divulgadas.
O programa completo do congresso pode ser consultado aqui.
Além do Ateneo de Madrid e das duas universidades madrilenas envolvidas na organização, o congresso internacional “Portugal, 50 anos depois: ecos do 25 de Abril” tem o apoio do Instituto Camões, da Embaixada de Portugal em Madrid, da Sociedade Espanhola de Literatura Geral e Comparada (SELGyC), da Associação Espanhola de Lusitanistas e da Indiana University.