Os saudosos Ferrari F50 (de 1995), Enzo (2002) e LaFerrari (2013) já têm sucessor à altura. O novo hiperdesportivo da casa de Maranello é o F80, e se é o primeiro topo de gama entre os desportivos que envergam o Cavallino Rampante que troca o imponente V12 por um pequeno V6, a realidade é que é completado por três motores eléctricos e é o Ferrari mais potente de sempre, com 1200 cv e um binário total de 1137 Nm.

De acordo com a Ferrari, o F80 revela o rumo que os próximos modelos da marca vão seguir nos próximos anos, do ponto de vista estilístico. Entre muitos outros pormenores, é possível encontrar a faixa preta transversal na frente, solução que foi estreada no 12Cilindri. Mas a carroçaria do F80, que esconde um chassi central em fibra de carbono com extensões à frente e atrás em alumínio, para melhor absorver energia em caso de embate, não é apenas atraente, uma vez que é também brutalmente eficiente em termos aerodinâmicos.

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Entre a frente inspirada no F40, com um imenso splitter e um extractor de ar através do capot, e uma traseira onde se destaca uma generosa asa móvel e um não menos volumoso difusor, o F80 é capaz de produzir uma downforce de 1000 kg quando a circular a 250 km/h, longe pois da sua velocidade máxima. E o construtor vai mesmo ao pormenor de especificar como esta força descendente, que cola o Ferrari ao asfalto é conseguida, imputando 460 kg à frente e 540 kg à zona posterior.

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Por dentro o F80 também surpreende, a ponto de o construtor o anunciar como sendo um veículo “+1”. Quer isto dizer que foi concebido para o condutor, com a possibilidade de acolher mais um adulto, em linha com os modelos 2+2 da marca, também eles otimizados para duas pessoas, podendo transportar (mas não com o mesmo conforto) mais dois na retaguarda. O F80 propõe para o condutor uma versão mais acolhedora de uma baquet de competição, revestida a pele vermelha, para o passageiro se sentar uns poucos centímetros mais atrás num banco preto e que, não o sendo, parece de uso temporário. E até o painel de instrumentos e a consola central estão completamente virados para o condutor, parecendo ostracizar quem vai ao lado.

Motor V6 com 900 cv e reforçado para atingir 1200 cv

A alma do F80 é o motor 3.0 V6 aberto a 120º que já conhecemos do Ferrari 296 GTB que, por sua vez, foi desenvolvido para equipar o 499P com que a Ferrari disputa o Campeonato do Mundo de Resistência, participando em provas como as 24 Horas de Le Mans. Esta versátil e compacta unidade continua a tirar partido de dois turbocompressores, mas aqui usufruem de comando eléctrico, uma vez que um pequeno motor a 48V, associado a cada um deles, garante que instantaneamente giram no regime ideal para responder prontamente ao acelerador, evitando assim o turbo lag.

Se o motor a combustão garante 900 cv, o resto da potência é assegurada por três motores eléctricos, o primeiro dos quais (95 cv) está associado à unidade a gasolina, para os outros dois surgirem à frente, ligados a cada uma das rodas, com 142 cv cada. Os motores eléctricos são alimentados por uma bateria com apenas 2,28 kWh que funciona a 800V e pesa apenas 39 kg, com este acumulador a ser recarregável durante as travagens e desacelerações, para que as unidades eléctricas forneçam os adicionais 300 cv desta mecânica híbrida que, no total, coloca à disposição do condutor 1200 cv e 1137 Nm de força.

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De acordo com a Ferrari, a gestão do V6 e dos turbocompressores eléctricos “sabe” quando o condutor necessita de um boost de potência, preparando-se para o fornecer quando ele é necessário, o que acontece quando o Boost Optimization é ligado, através de um botão no tablier. Com o sistema em funcionamento, durante uma volta ao circuito, ele memoriza os pontos exactos do traçado em que o condutor necessita de mais potência, preparando a mecânica para a fornecer exactamente nos mesmos pontos nas voltas seguintes.

Outra das vantagens de possuir um sistema eléctrico potente é usá-lo para optimizar as suspensões. Assim, em vez de recorrer às tradicionais barras estabilizadoras para impedir que o veículo adorne em curva, o Ferrari F80 monta em cada uma das quatro suspensões um motor motor eléctrico a 48V, para ser mais potente e rápido a reagir, não só realizando a função das barras estabilizadoras, como transformando a suspensão do coupé numa solução activa. De resto, o F80 recorre a uma suspensão similar à que a marca também utilizou no Purosangue.

Depois de produzir apenas 499 unidades do LaFerrari, o fabricante italiano sente que o mercado está ávido por um hiperdesportivo do calibre do F80, capaz de atingir 350 km/h, os 100 km/h em apenas 2,15 segundos e a travagem de 100 km/h para 0 km/h em somente 28 metros. Daí que anuncie a construção 799 unidades do modelo com 1200 cv, que propõe por 3,6 milhões de euros a unidade (antes de impostos). E para os que gostam de conduzir de cabelos ao vento, tudo indica que a estratégia seguida pelo LaFerrari voltará a ser implementada para o F80. Isto significa que, em breve, deveremos ver uma versão Aperta do F80, a que certamente não irão faltar interessados.