O mercado dos superdesportivos é pequeno, em número de construtores e de unidades vendidas, mas pode ser altamente lucrativo, como o prova o facto de a Ferrari, provavelmente a marca mais emblemática deste segmento, figurar entre as mais valiosas do mundo. Tradicionalmente, este tipo de veículos lutava para sobressair entre a concorrência à custa de motores cada vez mais potentes e chassis eficientes e vocacionados para uma condução desportiva. Mas, nos últimos anos, ganharam destaque os motores potentes à custa de soluções híbridas ou híbridas plug-in, para elevarem ainda mais a potência e, simultaneamente, diminuir o consumo e as emissões. Agora surgiram o Ferrari F80 e o McLaren W1, ambos com cerca de 1200 cv de potência e anunciando uma velocidade máxima de 350 km/h.

O novo McLaren W1 é um digno sucessor do saudoso P1, o modelo mais venerado de sempre do construtor britânico, lançado em 2013 com um motor 3.8 V8 biturbo que debitava 737 cv, a que aliava um motor eléctrico com 179 cv, totalizando 916 cv e 900 Nm. Com estes argumentos mecânicos, o P1 anunciava 350 km/h e 0-100 km/h em 2,8 segundos, valores muito respeitáveis e difíceis de igualar há 11 anos. O novo McLaren W1 eleva esta fasquia, em termos de potência (mais 359 cv), recorrendo a um motor ainda maior em nobreza, mas menor em capacidade.

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O McLaren W1 monta um V8 biturbo mais moderno, com 4,0 litros e 929 cv, mais praticamente 200 cv do que o seu antecessor. Ao motor de combustão alia uma unidade eléctrica com 347 cv, com este motor eléctrico a ser mais mais potente do que o que equipava o P1, limitado a 179 cv. Apenas a bateria do P1 era maior, uma vez que o W1 anuncia um acumulador com 1,38 kWh e uma autonomia em modo EV de apenas 2 km, segundo o novo método europeu WLTP, enquanto o P1 reivindicava 20 km, segundo o método NEDC, mais antigo e mais “optimista”, mas ainda assim uma autonomia superior.

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O McLaren W1 exige um investimento de 2 milhões de libras (cerca de 2,4 milhões de euros), já com os impostos devidos no Reino Unido, mas o valor não impediu que as 399 unidades que vão ser produzidas tivessem já dono ainda antes de serem fabricadas.

No cômputo geral, o McLaren W1 possui uma potência total 1275 cv e 1340 Nm de força, contra 916 cv e 900 Nm de binário do seu antecessor P1, o que explica que o W1 anuncie a mesma velocidade máxima de 350 km/h, além de 0-100 km/h em 2,7 segundos, contra 2,8 segundos do P1. Uma magra vantagem para um modelo que possui 359 cv a mais em potência e 440 Nm adicionais de binário.

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Não é fácil encontrar uma explicação para a “curta” vantagem do McLaren W1 face ao P1, em que ambos continuam a recorrer apenas a tracção traseira e reclamam um peso superior a 1500 kg em condições de homologação (atestado e com condutor a bordo). Evidente, devido aos apêndices aerodinâmicos, é a preocupação da McLaren em colar o W1 ao solo, para optimizar a eficiência em curva, bem como a tracção à saída destas e a aderência e estabilidade na travagem, com o construtor a anunciar a uma downforce de 1000 kg.

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À frente, o W1 tem um splitter activo que se move de forma a simultaneamente incrementar a carga sobre a dianteira e diminuir o fluxo de ar que passa sob o chassi, minimizando o lift da frente. Já na traseira surge uma asa móvel ainda mais complexa, uma vez que não se limita a dar mais ou menos apoio, quando é necessário, isto porque consegue igualmente fazer recuar a asa para dotar o W1 com um arranjo aerodinâmico que faz recordar os carros que disputam as 24 Horas de Le Mans, com as suas versões low drag.

Ferrari F80 é um monstro com quatro motores, 1200 cv e um preço de 3,6 milhões de euros

Se o novo W1 sente algumas dificuldades em melhorar de forma evidente a velocidade máxima e a rapidez no arranque do McLaren P1, um comparativo com o também novo Ferrari F80 tão pouco o favorece. O modelo italiano monta um 3.0 V6 biturbo, em vez de um 4.0 V8 biturbo como no modelo britânico, mas acaba por atingir uma potência similar (900 cv). Só que o F80 recorre a três motores eléctricos, um ligado ao V6 e os outros dois instalados à frente, cada um associado à sua roda anterior. No total, o Ferrari disponibiliza 1200 cv e 1137 Nm, com os quatro motores a assegurarem tracção integral, para melhorar o comportamento e o arranque. Daí que o F80 anuncie a mesma velocidade máxima deste seu rival (350 km/h), mas reivindique ser capaz ir de 0 a 100 km/h em somente 2,15 segundos. Resta agora aguardar que alguma publicação consiga juntar estes dois superdesportivos e decidir qual dos dois é o mais rápido em pista.