Em dois dias, desde segunda-feira, a CP vendeu 3.354 passes ferroviários e tem já registadas 1.500 reservas para o serviço de longo curso do intercidades. Os números foram avançados pelo presidente da empresa durante uma audição parlamentar.

Pedro Moreira considera que estes dados revelam uma boa adesão dos clientes e estão em linha com as projeções feitas pelas equipas da CP para os resultados desta iniciativa lançada pelo Governo.

O número de adesões pode subir, uma vez que, quem não tem cartão ou passe, tem de pedir o cartão que pode demorar até 10 dias, ainda que a empresa esteja a tentar acelerar o processo. O passe ferroviário mensal de 20 euros pode ser usado nos serviços regionais e intercidades. Estão excluídos os serviços suburbanos, o alfa pendular e a primeira classe do intercidades.

Custa 20 euros, obriga a reserva no Intercidades e não abrange comboios suburbanos de Lisboa e Porto. Este é o passe ferroviário verde

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O gestor assume que não foi feito um estudo de mercado sobre este novo serviço, mas foram utilizados os dados comerciais da empresa e a experiência para calcular a procura e a perda comercial, estimando-se em cerca de 19 milhões de euros. Essa perda, a ser compensada pelo Estado, resulta da quebra de receita na venda de bilhetes para o serviço intercidades, mas também cobre os custos adicionais da venda direta de passes nas estações.

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Essa estimativa deixa de fora uma eventual perda de receita do alfa pendular para o intercidades pelo desvio de passageiros com o passe ferroviário. Essa situação não podia ser considerada nas contas porque o alfa pendular não consta do serviço público contratualizado com o Estado. A CP está a monitorizar a evolução desta procura e admite ter de trabalhar para compensar eventuais perdas, mas sinaliza que existe uma grande procura por este serviço, sobretudo por parte de turistas.

Pedro Moreira confia nas equipas da CP que realizaram este trabalho de estimativa, mas sublinha que o contrato de prestação de serviço público tem mecanismos que permitem realizar um acerto nas compensações devidas à empresa, caso existam desvios negativos ou positivos face à previsão de perdas.

A secretária de Estado da Mobilidade afirmou também no Parlamento que o Governo estava a estudar este passe ferroviário com a CP desde maio — o anúncio da medida foi feito em agosto. Cristina Pinto Dias disse que o desenho foi feito pela CP com base nos estudos internos aos impactos.