Pelo menos 18 pessoas foram detidas em confrontos entre a polícia e manifestantes na cidade da Beira, centro de Moçambique, na segunda-feira, três das quais foram entretanto libertadas, anunciou esta terça-feira a corporação.

“Volvidas 24 horas das manifestações ocorridas um pouco por todo o país, nós, a Polícia da República de Moçambique [PRM] em Sofala, tivemos o registo de 18 pessoas detidas em conexão com as manifestações”, disse o porta-voz da corporação naquela província, Dércio Chacate, em declarações aos jornalistas.

Acrescentou que, da triagem feita ao longo das detenções, a polícia constatou que três pessoas encontravam-se fora das manifestações e foram libertadas.

“Os outros 15 continuam detidos em conexão com estes atos de manifestações e vandalizações”, adiantou.

A polícia caracteriza os atos protagonizados pelos detidos como vandalismo: “Não se pode falar de manifestação o que aconteceu ontem [segunda-feira], mas um ato de vandalização e perturbação a ordem e segurança pública”, disse.

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Pelo menos 30 pessoas foram detidas em confrontos entre a polícia e manifestantes na cidade de Maputo, cinco das quais libertadas após assistência da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), disse esta terça-feira à Lusa fonte daquela instituição.

Vitor da Fonseca, responsável pelo pelouro de assistência à justiça e dos direitos humanos no Conselho Provincial da OAM, disse à Lusa que a ordem tem, neste momento, o registo de “30 detenções ao nível da cidade de Maputo, dos quais cinco já foram libertados e os demais os colegas ainda estão nos julgamentos”.

A PRM ainda não se pronunciou, até ao momento, sobre as detenções realizadas durante os confrontos com manifestantes em Maputo, na segunda-feira.

A Ordem dos Advogados de Moçambique disponibilizou na segunda-feira uma lista de contactos de profissionais da entidade para prestar assistência às vítimas de detenções ilegais durante as manifestações de repúdio ao duplo homicídio de apoiantes de Venâncio Mondlane, convocadas pelo próprio candidato presidencial.

Segundo Vitor da Fonseca, a OAM aponta ter recebido pelo menos 100 ligações para pedidos de assistência em todo o país relacionados com alegadas detenções durante as manifestações.

Falam de crimes de motim, onde há agrupamento de pessoas com intuito de perpetuar um alto ilícito“, referiu o responsável, numa menção às acusações que pesam sobre a maioria dos detidos.

A ordem recebeu um total de 29 pedidos de apoio na segunda-feira e uma esta terça-feira em resultado dos confrontos que fizeram também 16 feridos, cinco ainda internados, na capital moçambicana, segundo o Hospital Central de Maputo (HCM).

Na sexta-feira à noite foram mortos a tiro, em Maputo, Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, candidato às presidenciais do passado dia 9, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia.

Após o duplo homicídio, Venâncio Mondlane, que contesta resultados preliminares das eleições, que não lhe dão a vitória, convocou a realização de marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo.

A resposta policial às manifestações foi condenada pela comunidade internacional e houve vários apelos à contenção de ambas as partes, nomeadamente de Portugal, da União Europeia e da União Africana.

A capital moçambicana tenta esta terça-feira retomar a normalidade, com transportes a funcionar e filas de trânsito nas principais ruas da cidade, sendo visível o reforço policial após os violentos confrontos do dia anterior.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou esta terça-feira mais dois dias de paralisação e manifestação “pacífica” nacional em Moçambique a partir de quinta-feira, dia do anúncio dos resultados das eleições gerais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).