O PS pediu esta quarta-feira a audição parlamentar do ministro dos Negócios Estrangeiros para esclarecer as notícias “de condutas impróprias” de Paulo Rangel no aeroporto de Figo Maduro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses do Líbano.

As notícias e os detalhes que têm vindo a público em nada contribuem para que este se torne um ‘não assunto’, como tentou fazer querer passar o senhor ministro quando questionado sobre os eventos já referidos. Na verdade, relata-se mesmo um ‘crescente mal-estar’ entre o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e as Forças Armadas”, refere o requerimento.

Os socialistas referem notícias que têm sido divulgadas nos últimos dias e segundo as quais houve “condutas impróprias protagonizadas” por Paulo Rangel, em 4 de outubro, à chegada de um voo em missão de repatriamento da Força Aérea Portuguesa ao aeródromo militar de Figo Maduro, que transportava cidadãos portugueses vindos do Líbano.

“Esta é uma situação que, além de grave, poderá provocar um problema institucional no seio do Governo e minar a sua credibilidade, tratando-se de um ministro de Estado de uma área de soberania onde a articulação com as Forças Armadas é recorrente, e com funções e responsabilidades acrescidas no Governo, nomeadamente as de substituição do senhor primeiro-ministro nas suas ausências”, defende o PS.

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No requerimento é relatado que o ministro “terá visto negadas as suas intenções de entrar numa zona militar e aeroportuária interdita por questões de segurança, para receber os passageiros à saída do avião”.

“Essa interdição terá levado o senhor ministro a ‘insultar’ e ‘destratar’ os militares que impediram a sua entrada, recorrendo a uma terminologia que o Partido Socialista, por respeito e em nome da dignidade que nos merece a condição militar, aqui não reproduz, mas que são públicas e ofensivas para os militares das Forças Armadas Portuguesas”, é ainda descrito.

Para o PS, a serem verdade estes relatos, “trata-se mesmo de uma situação e de uma conduta de extrema gravidade, que não é própria de um ministro de Estado, nem do relacionamento com as Forças Armadas Portuguesas, que merecem respeito e dignidade”.

“O Partido Socialista não considera admissível que os militares que servem nas Forças Armadas portuguesas sejam tratados de forma injuriosa por um ministro de Estado que, pela condição que ocupa, terá de ser sempre o primeiro a dar o exemplo“, criticam os socialistas.

Se Paulo Rangel “pretende apenas e só esquecer o que se passou”, o PS indica que, pelo contrário, “quer esclarecer”.

“O povo português precisa e espera por esse esclarecimento e, em particular, os militares das Forças Armadas portuguesas merecem o seu retratamento. Ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros exige-se, no mínimo, que tenha sentido de estado”, sublinha o texto do PS.

O alegado episódio ocorreu no dia 4 de outubro, em Figo Maduro, na chegada do voo de repatriamento de portugueses do Líbano.

A agência Lusa tentou confirmar os alegados acontecimentos junto da Força Aérea mas fonte oficial do ramo escusou-se a comentar.

No Congresso do PSD, que decorreu no passado fim de semana, em declarações à CNN/TVI, Paulo Rangel também não quis comentar: “Não vou estar a comentar um não assunto. Estar a alimentar essa novela não faz sentido absolutamente nenhum. Comigo, pelo meu sentido de estado, por aquilo que é a minha história, não contarão comigo para falar desse assunto”.