O candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), disse esta quinta-feira que os resultados eleitorais foram “forjados na secretaria”, prometendo “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.

“São resultados administrativos, forjados na secretaria, não refletem a vontade popular e a verdadeira expressão dos eleitores nas urnas (…) Por isso faremos a combinação da ação política e jurídica para que os resultados possam refletir a vontade dos eleitores”, declarou Lutero Simango, após a divulgação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.

O candidato presidencial acusou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de “manipular os resultados, apontando que o partido no poder indicou ilegalmente presidentes de mesas de votação em seu benefício.

“Face a esta manipulação, não se pode aceitar estes resultados, por isso dissemos que há ausência da justiça eleitoral erestam-nos duas alternativas: a reposição da legalidade ou a mobilização generalizada da revolta como se está assistir na cidade de Maputo”, disse Simango.

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Na mesma declaração pública, afirmou que é da responsabilidade do Conselho Constitucional “repor a legalidade”, apontando como solução alternativa a realização do que chamou de “auditoria forense”.

Que haja a verificação dos boletins de todas as mesas de votação com as respetivas atas e editais e em função disso se pode comparar com o que está nas urnas ou o mais sensato é a repetição de eleições“, adiantou, acrescentando que o “uso da força” para se impor contra a “vontade popular” gera violência.

Por seu turno, o mandatário da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Geraldo Carvalho, disse que nenhum moçambicano “lúcido” é capaz de aceitar os resultados anunciados, acusando a Frelimo de cometer fraude.

“Quem é que aceitaria uma coisa dessas? Isto é brincar com o povo, é puxar o povo para o monopartidarismo. Depois de tudo o que assistimos, as urnas a serem violentadas, há vários vídeos, imagens que confirmam que houve enchimento para determinado candidato e partido”, apontou o mandatário da Renamo.

Enquanto isso, a Frelimo agradeceu aos moçambicanos por terem depositado voto em si e no seu candidato presidencial Daniel Chapo.

“É um momento de alegria sem dúvidas, mas também de muita responsabilidade. Gostaríamos de dizer que vamos esperar pela fase que se segue, mas não podemos deixar de manifestar a nossa alegria, sobretudo a gratidão pelo voto que foi depositado no nosso partido e no nosso candidato”, declarou a mandatária do partido no poder, Verónica Macamo.

A CNE anunciou esta quinta-feira a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República de 9 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.

Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Renamo, até agora maior partido da oposição, com 403.591 votos (5,81%), seguido de Lutero Simango, presidente do MDM, com 223.066 votos (3,21%).

Votaram nesta eleição 43,48% dos mais de 17,1 milhões de eleitores inscritos.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais – às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos – em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

O anúncio dos resultados feito esta quinta-feira pela CNE acontece no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.