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Antony Blinken terminou a sua viagem no Médio Oriente esta quinta-feira e deixou os dados lançados para o principal objetivo dos Estados Unidos na região: um cessar-fogo em Gaza. O Hamas já se reuniu com os mediadores egípcios no Cairo e mostrou “disponibilidade para parar de lutar”. Os serviços secretos norte-americanos e israelitas reúnem-se agora em Doha para retomar diálogos para um acordo que estão paralisados há já dois meses.
Will Burns, diretor da CIA, vai viajar para o Qatar durante o fim de semana para a primeira reunião a delegação israelita e com os mediadores egípcios e qatari, avançaram duas fontes com conhecimento do encontro à Axios na tarde desta quinta-feira. O gabinete de Benjamin Netanyahu confirmou a reunião pouco depois, adiantando que a delegação israelita vai ser liderada, novamente, pelo diretor da Mossad. “David Barnea vai partir no domingo para uma reunião em Doha com o responsável da CIA e o primeiro-ministro do Qatar. As partes vão discutir as várias opções para recomeçar as negociações para libertar os reféns do cativeiro do Hamas depois dos mais recentes desenvolvimentos”, pode ler-se no comunicado, citado pelo The Guardian.
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“Os recentes desenvolvimentos” referem-se à morte de Yahya Sinwar, o líder do Hamas, apontado pelos Estados Unidos — e Israel — como responsável pelo impasse, tal como Blinken afirmou na terça-feira, à saída de Telavive: “Acredito que com o Sinwar morto, porque ele era o principal obstáculo a um acordo, há uma oportunidade real”.
A pressão foi colocada sobre o Hamas novamente numa conferência de imprensa conjunta como o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, na quinta-feira. “O que temos mesmo de determinar é se o Hamas está pronto para participar. A questão fundamental é: o Hamas está a falar a sério”, afirmou Blinken, citado pelo New York Times.
Mohammed bin Abdulrahman Al Thani confirmou por sua vez que o governo qatari estava novamente em contacto com o Hamas desde a morte de Sinwar, ainda que se tenha mostrado pouco positivo sobre uma mudança de posição do grupo palestiniano. “Até agora, não é claro sobre o caminho a seguir”, avisou.
Os alertas de Al Thani revelaram-se justificados. A equipa de negociação do Hamas, liderada pelo braço direito de Sinwar, Khalil al-Haya, reuniu-se com os serviços secretos egípcios no Cairo ainda na quinta-feira, onde discutiram “propostas e ideias” para pôr fim ao conflito. À saída da reunião, um oficial do Hamas disse à AFP que o grupo está pronto para parar de lutar, mas reafirmou as suas exigências, que se mantém inalteradas desde maio, quando Joe Biden apresentou a proposta original. “Israel tem de se comprometer com o cessar-fogo, retirar-se da Faixa de Gaza, permitir o regresso das pessoas deslocadas, concordar com o um acordo sério para a troca de prisioneiros e permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza”, insistiu.
Familiares de reféns apelam a acordo entre Governo israelita e Hamas
A proposta em cima da mesa neste momento estará longe disto. O Egito propôs a Israel um cessar dos combates durante um curto período de tempo, menos de duas semanas, em troca do regresso de uma parte dos 101 reféns que ainda estão em Gaza. Essa semana seria suficiente para fazer entrar ajuda humanitária no enclave palestiniano e fazer avançar negociações políticas, relata o Axios, citando dois oficiais israelitas.
Blinken afirmou que “vale a pena” explorar esta ideia, num encontro com familiares dos reféns, na terça-feira. Mas o otimismo que marcou a mediação norte-americana em maio é agora bem mais cuidadoso. O secretário de Estado termina os seus esforços diplomáticos esta sexta-feira com um encontro com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, avançou um oficial norte-americano, citado pelo The Guardian. A mesma fonte adianta que Blinken vai ainda reunir-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos, de forma separada.