Um antigo laboratório de pesquisa com armas biológicas, que foi usado pelo regime soviético na era da Guerra Fria, estará a ser alvo de uma expansão e renovação. Essa é a conclusão que o The Washington Post tira a partir de imagens de satélite captadas por duas empresas especializadas. O Kremlin não confirma a recuperação desta estrutura ultra-secreta mas o movimento naquele local está a gerar preocupação relativamente aos planos militares futuros da Rússia.
Em causa está a Sergiyev Posad-6, uma instalação militar a nordeste de Moscovo que foi um centro investigação de armas biológicas há mais de 40 anos. Segundo o The Washington Post, que divulga as imagens obtidas pelas empresas Planet Labs e Maxar, na Guerra Fria a Rússia utilizou o laboratório para fazer experiências que incluíam a conversão em armas dos vírus que provocam a varíola e o ébola, entre outras doenças.
Ao longo de décadas aquele pareceu ser um local completamente votado ao abandono. Mas nos últimos anos, sobretudo após a invasão russa da Ucrânia (fevereiro de 2022), começaram a ver-se camiões de obras a trazerem materiais que, depois, terão sido usados para construir 10 novos edifícios numa área total que ronda os 75 mil metros quadrados.
De acordo com especialistas em biossegurança que falaram com o jornal norte-americano, as instalações parecem ter algumas das características distintivas dos laboratórios biológicos de alta segurança, que lidam com agentes patogénicos perigosos. Entre estas características estão extensas unidades de tratamento de ar no telhado, infraestruturas subterrâneas, segurança reforçada e uma possível central elétrica.
A aparência da infraestrutura é “consistente com o design de um laboratório” e sugere que ali foram criadas estruturas de “contenção máxima”, disse um especialista citado pelo The Washington Post. Já Andrew Weber, antigo funcionário do Pentágono e membro sénior do Conselho de Riscos Estratégicos, disse ao jornal que “as atualizações são consistentes com o papel histórico desta instalação biológica militar ultra-secreta no desenvolvimento de armas biológicas virais”.
O Kremlin não quis fazer comentários para o texto do The Washington Post mas já houve, na Rússia, notícias que transmitiram a ideia de que o objetivo dos laboratórios é estudar o vírus Ébola e outros micróbios mortais, para proteger a Rússia de possíveis ataques bioterroristas.
A guerra biológica é proibida pelo direito internacional. Embora não haja provas de que a Rússia tenha utilizado tais armas na guerra contra a Ucrânia, Kiev acusou Moscovo de lançar milhares de ataques com armas químicas durante a invasão.