Era um contexto completamente desconhecido desde que Bruno Lage voltou ao Estádio da Luz. Depois de seis vitórias consecutivas entre Campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões, o Benfica capitulou contra o Feyenoord e teve uma noite muito difícil contra os neerlandeses. Pela primeira vez com o substituto de Roger Schmidt, jogou pouco, jogou mal e perdeu — e precisava de reagir já este domingo.

Os encarnados recebiam o Rio Ave na Luz e procuravam responder ao Sporting, que já tinha derrotado o Famalicão no dia anterior, e pressionar desde já o FC Porto, que só defronta o AVS na segunda-feira. Mais do que isso, o Benfica procurava evitar uma segunda escorregadela consecutiva, regressar de imediato a um percurso vitorioso e evitar os teóricos 11 pontos de distância para a liderança dos leões, já que continua a ter um jogo a menos depois do adiamento da visita ao Nacional.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Benfica-Rio Ave, 5-0

9.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Benfica: Trubin, Alexander Bah (Issa Kaboré, 82′), Tomás Araújo, Otamendi, Álvaro Carreras, Jan-Niklas Beste, Kökçü, Fredrik Aursnes (Renato Sanches, 77′), Di María (Schjelderup, 77′), Pavlidis (Arthur Cabral, 63′), Aktürkoğlu (Amdouni, 63′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, António Silva, Rollheiser, Florentino

Treinador: Bruno Lage

Rio Ave: Miszta, Jonathan Panzo (Renato Pantalon, 31′), Aderllan Santos, Patrick William, João Tomé, João Novais (João Graça, 45′), Demir Tiknaz, Omar Richards, Brandon Aguilera (Olinho, 45′), Clayton, Kiko Bondoso (Tobías Medina, 62′)

Suplentes não utilizados: Jhonatan, Amine, Tiago Morais, Ahmed Hassan, Fábio Ronaldo

Treinador: Luís Freire

Golos: Aktürkoğlu (12′, 16′ e 45+2′), Schjelderup (79′), Amdouni (81′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Jonathan Panzo (5′), a Di María (30′)

“O que quero a seguir a cada jogo é entender o que se passou, perceber como se ganha e como se perde. Já transmiti isso aos jogadores e agora a forma de evoluirmos e crescermos é sermos honestos connosco mesmos. Vamos olhar para o que temos a fazer no dia de amanhã, para vencer o jogo e voltar a jogar bem. É isso que temos de fazer. Não ficar a pensar em mais nada. Só tenho de pensar no que controlo, motivar a equipa, preparar o jogo. Apresentar a melhor estratégia para marcar golos e vencer o jogo”, explicou Bruno Lage na antevisão da partida, onde também garantiu desde logo que não olhava “a estatutos” para comentar a possível saída de Otamendi do onze inicial.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, o central argentino mantinha a titularidade ao lado de Tomás Araújo, com Alexander Bah a recuperar depois de ter saído lesionado contra o Feyenoord e a surgir na direita da defesa. Em resumo, Lage só fazia mesmo uma alteração face ao último onze, deixando Florentino no banco e apostando em Beste, que era titular na esquerda do ataque e motivava a ida de Aktürkoğlu para o corredor central e o recuo de Kökçü. Do outro lado, num Rio Ave que levava quatro jornadas sem ganhar, Luís Freire tinha Clayton como referência ofensiva, apoiado por Kiko Bondoso e Brandon Aguilera.

O Benfica entrou claramente melhor e depressa assentou arraiais no meio-campo adversário, colocando os setores muito subidos no terreno sem permitir que o Rio Ave desmontasse a linha defensiva de cinco que Luís Freire tinha preparado para os momentos sem bola. Álvaro Carreras teve a primeira tentativa de aproximação ao golo, com um remate de muito longe que passou por cima da baliza (9′), mas o dono da noite estava prestes a assumir o controlo.

Ainda dentro do quarto de hora inicial, Aursnes foi lançado na direita e cruzou para a área, onde Miszta se antecipou a Pavlidis; na recarga, porém, Aktürkoğlu ganhou o duelo a um adversário, virou-se para a baliza e atirou forte para abrir o marcador (12′). Quatro minutos depois, a magia turca iria voltar à Luz. Lance de futebol direto do Benfica, com Di María a descobrir Aktürkoğlu na área com um passe longo a partir da direita e o avançado, com um desvio subtil de cabeça, a bisar para aumentar a vantagem (16′).

Aktürkoğlu poderia ter carimbado o hat-trick logo depois, ao surgir na cara de Miszta a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes vilacondense (18′), e o Rio Ave estava totalmente perdido no jogo. A equipa de Luís Freire não tinha capacidade para soltar o ataque ou subir as linhas, sendo uma vítima fácil para a pressão alta do Benfica, que recuperava quase todas as bolas ainda no meio-campo contrário. Aderllan Santos fazia o que podia e era o bombeiro de serviço do lado do Rio Ave, mas a superioridade coletiva e individual dos encarnados era evidente.

Di María teve uma grande oportunidade para marcar, ao aparecer também na cara de Miszta a conceder outra defesa importante ao guarda-redes polaco (27′), Pavlidis também poderia ter faturado com um pontapé em posição frontal que o guardião vilacondense segurou sem problemas (41′), mas o herói estava mesmo eleito. Já nos descontos — e já depois de Luís Freire ser obrigado a substituir Jonathan Panzo por Renato Pantalon, por lesão do central –, após um corte da defesa adversária a cruzamento de Di María, Aktürkoğlu voltou a aparecer no sítio certo e rematou na área para carimbar o hat-trick e levar o Benfica a vencer o Rio Ave para o intervalo (45+2′).

Luís Freire fez duas substituições ao intervalo e trocou João Novais e Brandon Aguilera por João Graça e Olinho, com o Rio Ave a reentrar em campo com uma dinâmica mais ofensiva e a busca clara das combinações entre Omar Richards e Kiko Bondoso no lado esquerdo. Na baliza contrária, Pavlidis chegou a marcar, mas o lance foi prontamente anulado por fora de jogo claro do avançado grego (50′), enquanto que Di María viu Patrick William roubar-lhe um golo quase certo (57′).

Bruno Lage mexeu pela primeira vez à passagem da hora de jogo, lançando Arthur Cabral e Amdouni já depois de Luís Freire também trocar Kiko Bondoso por Tobías Medina, e o avançado brasileiro dos encarnados quase marcou na primeira intervenção que teve na partida, com um remate forte que Miszta defendeu (64′). O relógio avançava, o Rio Ave não tinha capacidade para discutir o resultado e o Benfica, de forma natural, geria todas as ocorrências com a bola nos pés e muita tranquilidade.

Bruno Lage ainda teve tempo para lançar Schjelderup e os jogadores que refrescaram o ataque da equipa durante a segunda parte acabaram por carimbar a goleada: o norueguês marcou dois minutos depois de entrar, estreando-se a fazer golo pela equipa principal (79′), e Amdouni fechou o resultado (81′). Totalmente derrotados, os vilacondenses passaram os últimos minutos do jogo a evitar o sexto golo e não necessariamente a procurar o ponto de honra.

O Benfica respondeu da melhor maneira à derrota na Liga dos Campeões e goleou o Rio Ave na Luz, mantendo o registo perfeito de Bruno Lage nas competições internas. Num dia em que até deu para Schjelderup se estrear a marcar e Amdouni assumir ainda mais o estatuto de suplente de luxo, Aktürkoğlu fez três golos na primeira parte e continua a mostrar que é mesmo o feiticeiro que vai sempre atrás da saída da câmara dos segredos.