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A proposta em cima da mesa envolvia um cessar-fogo de dois dias entre Israel e o Hamas, com o objetivo de se poder efetuar uma troca de reféns e prisioneiros entre as duas frentes. O Egito propôs, o Hamas disse que estava aberto a considerar, mas Benjamin Netanyahu terá rejeitado a sugestão do chefe de Estado egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.

Egito propõe cessar-fogo de dois dias para troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos

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A proposta do Egito

Representantes dos Estados Unidos, do Qatar, de Israel e do Hamas apresentaram-se em Doha para formalizar mais uma ronda de negociações para atingir um cessar-fogo e um acordo para a troca de reféns em Gaza. No entanto, a única voz que se ouviu até agora não está presente neste encontro, mas tem tido um papel vital na mediação das conversas entre as autoridades israelitas e o grupo palestiniano ao longo do último ano de conflito. Al-Sisi foi o primeiro a lançar uma proposta para as negociações:

  • Cessar-fogo de dois dias em Gaza;
  • Troca de quatro reféns israelitas por um grupo de prisioneiros palestinianos;
  • Retomar o diálogo 10 dias após a implementação das tréguas, para discutir um cessar-fogo permanente.

A posição do Hamas

A proposta do Presidente do Egipto não foi apresentada formalmente em Doha, mas sim durante uma conferência de imprensa no Cairo, ao lado do seu homólogo da Argélia, depois de o representante do Hamas, Khalil al-Haya, braço direito do ex-líder Yahya Sinwar, se ter reunido com os mediadores egípcios na capital do país. Antes deste encontro, uma fonte palestiniana ligada às negociações revelou  à Reuters  que o grupo está “disposto a ouvir novas propostas”, mas mantém-se firmes nas suas convicções.

Husam Badran, membro do gabinete político do Hamas confirmou estas afirmações e adiantou que um acordo é efetivamente possível, num comunicado divulgado pela agência de notícias Shehab.

“As nossas exigências são claras e conhecidas, e um acordo pode ser alcançado, desde que Netanyahu continue comprometido com o que já foi acordado”, referiu Badran, expondo que as condições do grupo palestiniano para poderem levar a tinta ao papel e assinarem qualquer acordo, passam pela incorporação dos termos definidos nas negociações de 2 de julho.

  • Retirar as forças israelitas de Gaza;
  • Permitir o regresso das pessoas deslocadas;
  • Concordar com um acordo sério para a troca de prisioneiros;
  • Permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

A rejeição de Israel

Para se juntar ao diretor da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, o chefe da agência israelita Mossad, David Barnea, deslocou-se também até Doha para alinhar posições. O gabinete do primeiro-ministro qatari indica que os responsáveis vão discutir “as várias possibilidades de reiniciar as negociações com o fim de libertar os reféns em Gaza, com base nos desenvolvimentos recentes” do conflito.

Faz assim uma menção indireta à morte de Sinwar, que deixou o Hamas a ser liderado por cinco cabeças em vez de uma. Israel acredita que tem o poder para comandar a narrativa discutida em Doha, os termos para a negociação e, no fundo, o futuro do conflito. Sobre os termos propostos pelo Egito, a resposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu difere da maior parte dos seus ministros, segundo o Canal 12 israelita. “As negociações só terão lugar debaixo de fogo”, afirmou Netanyahu, rejeitando categoricamente a possibilidade de existir um cessar-fogo temporário para uma troca de reféns.

A agência turca Anadolu adianta que para além do apoio de vários ministros à proposta do Presidente do Egito, também as forças de segurança de Israel terão verbalizado um parecer favorável aos esforços de mediação egípcia. Com 101 reféns ainda em Gaza, de acordo com estimativas israelitas (embora o Hamas já tenha várias vezes dito que não sabe onde estão todos os reféns), as condições para atingir um acordo nas mesas de negociação não passam por dois dias ou duas semanas de paz, conforme previamente sugerido. Durante as últimas rondas de negociações, o impasse tem surgido em diversos pontos, que não se sabe se continuam obrigatórios para Israel, mas que acabaram por causar a interrupção do diálogo noutras ocasiões:

  • Desmantelar integralmente o Hamas, tanto como força militar, como política em Gaza;
  • Estar presente no corredor de Filadélfia, na fronteira entre Gaza e o Egito, no sul do enclave;
  • Libertar os 101 reféns, vivos e mortos, detidos pelo Hamas.

Embora não sejam totalmente conhecidos os termos de Netanyahu, uma coisa é certa: o primeiro-ministro de Israel assegura que a guerra em Gaza irá continuar até atingir uma vitória completa contra o Hamas, apesar de qualquer acordo possível e hipotético para um cessar-fogo temporário.