A Assembleia Municipal de Lisboa manifestou esta terça-feira pesar pela morte de Odair Moniz, após ser baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Bairro da Cova da Moura, na Amadora.

O voto de pesar foi apresentado pelo grupo municipal do PCP e subscrito também por PS, PEV, Livre e dois deputados independentes dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), tendo sido aprovado por maioria, com os votos contra do Chega e os votos a favor das restantes forças políticas.

Numa declaração de voto escrita, a que a Lusa teve acesso, o Chega afirmou: “Pese embora o falecimento de Odair Moniz seja obviamente de lamentar, não acompanhamos o aproveitamento ideológico que o PCP quer fazer de um caso policial ainda por esclarecer.”

“Um voto de pesar deve homenagear uma personalidade pelo contributo relevante que deu para a sociedade. Estamos a crer que no Bairro do Zambujal há muitas pessoas honestas, trabalhadoras que vivem com dificuldades, e é para esses a nossa solidariedade”, expôs ainda o partido.

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“Ambiente familiar muito forte” e convivência com polícias no café. Como é a vida no Bairro do Zambujal?

Na sequência da morte deste cidadão, o Chega organizou uma manifestação em defesa das forças de segurança, no sábado, em Lisboa, em simultâneo com outra ação pública para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz.

Com a aprovação do voto proposto pelo PCP, a Assembleia Municipal de Lisboa (AML) expressou “sinceras condolências aos seus familiares e amigos e solidariedade com a toda a população do Bairro do Zambujal e do concelho da Amadora”, realizando um minuto de silêncio.

Odair Moniz, cidadão residente no Bairro do Zambujal, no concelho vizinho da Amadora, foi morto na madrugada de 21 de outubro, “vítima de alvejamento numa perseguição policial”, refere o voto de pesar.

“Importa que as autoridades competentes determinem as circunstâncias da grave e infeliz ocorrência e que sejam apuradas todas as responsabilidades. É isso que é devido à família e à população do Bairro do Zambujal”, lê-se na proposta, indicando que, nestas circunstâncias, “é necessário ouvir o sentimento da população, garantir que a atuação policial seja adequada e proporcional e prevenir e condenar quaisquer atos violentos e de incitamento à violência”.

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O cidadão cabo-verdiano de 43 anos foi baleado por um agente no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no hospital.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Na semana passada registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.

Para esta reunião da AML, o grupo municipal do PSD sugeriu um debate de atualidade sobre “a segurança na cidade”, mas foi adiado a pedido do proponente.

Por proposta da mesa da AML, presidida por Rosário Farmhouse (PS), este órgão deliberativo do município de Lisboa expressou a sua consternação e profundo pesar pela morte do cantor Marco Paulo, prestando-lhe “uma justa homenagem” e guardando um minuto de silêncio em sua memória.

João Simão da Silva, nome de batismo de Marco Paulo, nasceu em 21 de janeiro de 1945, em Mourão, distrito de Évora. Atualmente, vivia em Sintra, no distrito de Lisboa, e morreu no passado dia 24 de outubro, aos 79 anos, depois de uma longa luta contra o cancro.

“Dono de uma voz única e inconfundível, Marco Paulo tornou-se cantor profissional em 1967, acumulando, ao longo de 58 anos de carreira, 70 discos editados que lhe valeram 140 discos de platina, ouro, prata e diamante, pela venda de mais de cinco milhões de discos”, enaltece a AML, referindo que o artista “esgotou coliseus, cantou para 100 mil peregrinos no Santuário de Fátima e em todos os países do mundo onde está a diáspora portuguesa”.