O ministro da Presidência afirmou esta terça-feira que o Governo está “muito tranquilo” sobre o episódio do ministro Paulo Rangel em Figo Maduro e considerou que a relação entre executivo e militares implica “respeito bidirecional”, que acredita existir.

No final da reunião do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro foi questionado sobre notícias que dão conta de desconforto em setores militares, mas disse não querer “comentar comentários” que desconhece.

“Nós estamos muito tranquilos sobre o que aconteceu, sobre as relações de grande confiança com a hierarquia e os militares portugueses”, disse, recordando que foi com o o atual Governo PSD/CDS-PP “que foi feita a maior recuperação histórica das condições materiais da retribuição recebida pelos militares portugueses”.

“É um sinal de grande confiança, de grande respeito, que num Estado de direito democrático, assente na soberania do povo, tem sempre que implicar um respeito bidirecional que nós acreditamos plenamente que existe”, acrescentou.

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Em causa estão notícias de alegadas ofensas dirigidas pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ao chefe do Estado-Maior da Força Aérea e outros militares na base aérea de Figo Maduro na noite de 4 de outubro, em que chegou um voo de repatriamento de portugueses do Líbano, o que já levou o PS e o Chega a pedir a sua audição parlamentar.

Na semana passada, o Presidente da República disse ter falado com o Governo e com as Forças Armadas e que ambos “minimizaram o problema”.

Em declarações aos jornalistas, no fim de uma visita ao Museu do Design, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a versão que lhe chegou foi que “houve equívocos” e que as autoridades militares que ouviu afastaram que houvesse “algum melindre ou alguma razão de queixa”.

“A mim o que me chegou foram versões muito coincidentes que minimizaram o problema”, acrescentou o chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas.

O Presidente da República realçou que “o Governo diz uma coisa e as autoridades militares dizem a mesma coisa”, que “corresponde a uma desdramatização“.

Interrogado se ficou totalmente esclarecido com as informações que obteve do Governo e das Forças Armadas, o chefe de Estado respondeu: “Eu fiquei esclarecido que não encontrei uma versão que fosse muito diferente uma da outra e que fossem muito graves”. Ressalvou, porém, que “não estava lá” e que a situação não foi com ele.

Ainda antes das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, declarou que conhece este episódio “com minúcia” e manifestou “total confiança” no ministro dos Negócios Estrangeiros, considerando que se está “a criar um caso” a partir “de imprecisões, de incorreções em notícias”.

“Se há aqui alguém que quer abanar o Governo e abanar a presença do ministro Paulo Rangel no Governo, vá treinando porque tem muito que fazer”, declarou Luís Montenegro aos jornalistas, em Faro.

O chefe do Governo PSD/CDS-PP salientou que desconhece qualquer queixa de uma autoridade militar em relação ao titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.

A agência Lusa tentou confirmar os alegados acontecimentos junto da Força Aérea, mas fonte oficial do ramo escusou-se a comentar.