A concelhia do PS/Porto assumiu esta sexta-feira a sua “estupefação” com a renuncia do presidente da União de Freguesias (UF) de Aldoar, Foz do Douro e Nevogile, Tiago Mayan, condenando os seus motivos e pedindo uma auditoria à autarquia.
“O PS Porto manifesta a sua profunda estupefação pela demissão de Tiago Mayan Gonçalves da presidência da Junta da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, condenando fortemente os motivos que a provocaram”, pode ler-se num comunicado da estrutura liderada pelo vereador socialista na Câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro.
Tiago Mayan demitiu-se na quinta-feira do cargo de presidente da junta, alegando falta de “condições pessoais para continuar a exercer” o cargo, assumindo que o motivo era da sua “inteira responsabilidade”.
Em causa está a assunção, por Tiago Mayan, da falsificação de assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro, elaborada e falsificada pelo ex-candidato presidencial apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), segundo uma outra ata de uma reunião entre o júri e o executivo da junta, na quarta-feira.
Segundo o documento da reunião, a que a Lusa teve acesso, quando confrontado com a primeira ata, Mayan confirmou “que foi ele que elaborou o documento e colocou as assinaturas, atribuindo a si próprio tal responsabilidade, isentando de qualquer culpa todos os restantes membros do seu executivo e colaboradores”.
Para a estrutura concelhia do PS, “esta é uma situação que fragiliza claramente o executivo desta União de Freguesias, onde se inclui não apenas o movimento [independente] pelo qual foi eleito Tiago Mayan Gonçalves mas também o PSD, quebrando inequivocamente os laços de confiança entre eleitores e eleitos”.
“O processo em torno do Fundo de Apoio ao Associativismo nesta União de Freguesias já tinha suscitado dúvidas e críticas por parte do PS, devido ao incumprimento de prazos e à inexistência de audiência prévia dos interessados, em violação da lei e das condições do programa aprovadas pela Câmara Municipal do Porto”, referem os socialistas.
Para o PS, “os factos agora conhecidos, relacionados com falsificação de assinaturas, são de uma enorme gravidade”.
“Através dos seus eleitos locais, o PS vai solicitar uma Assembleia de Freguesia extraordinária para analisar este tema e solicitar uma auditoria independente aos atos praticados desde o início do mandato naquela União de Freguesias”, conclui o comunicado do PS/Porto.
Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto”, apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), CDS-PP, Nós Cidadãos e MAIS.
Foram eleitos para o executivo da junta Ana Júlia Furtado, José Ramos, Laura Lages Brito, Germano Castro Pinheiro, Tiago Lourenço (PSD) e Cláudia Bravo (PSD).
Tiago Mayan, ex-candidato presidencial da IL, formalizou em julho a sua candidatura à liderança do partido por estar insatisfeito com o rumo do mesmo e entender que a IL precisa de alcance, amplitude e arrojo.