Três dias, mais de 4.500 queijos, 47 países diferentes e 20 toneladas de produto. É assim que o World Cheese Awards, ou óscares do queijo, para os amigos, se vai estrear em Portugal nos dias 15, 16 e 17 de novembro. Com o Pavilhão Multiusos de Viseu como palco, esta que é a maior competição mundial de queijo chega num novo formato, com ainda mais oferta, público e, não fosse ser em Portugal, vinho.
“Viemos abrir o concurso para fora”, diz Bruno Filipe Costa, especialista em comida e impulsionador da vinda do evento para Portugal, em conversa com o Observador, revelando que a competição foi reformulada para se adaptar ao público português. Se antes o World Cheese Awards era exclusivo a profissionais do setor e acontecia apenas num só dia, totalmente dedicado ao concurso e à entrega de prémios, agora a nova edição vem oferecer uma agenda cultural e gastronómica de três dias de entrada gratuita para o público em geral, que terá a oportunidade de provar qualquer queijo que queira — e comprar para ter em casa.
Realçando a oportunidade única que vai ser provar queijos “que se calhar nunca mais na vida vamos ver à frente”, Bruno Filipe Costa afirma-se curioso por experimentar os produtos vindos da Coreia do Sul, da Austrália, dos Estados Unidos, do Quénia e, principalmente, da Itália: “Estou desejoso de provar um queijo que é fumado e curado dentro de uma gruta durante três anos. É produzido no sul da Itália, de Puglia. Tenho muita vontade de provar para ver como é que fica a nível de sabor, de cheiro, de textura, de tudo”.
De Portugal, a vontade foca-se em dois outros queijos: um da Serra da Estrela, de “um produtor muito pequenino que ainda hoje faz o queijo de forma tradicional, como se fazia há 50 anos atrás”, e outro dos Açores, “aqueles mais envelhecidos, que são uma autêntica delícia”.
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Se falamos de queijo, é inevitável não falarmos de cheiro. Qual será o mais mal cheiroso? “Há um queijo francês de cabra que é absolutamente intragável no nariz e que eu estou muito curioso para saber quem é que vai conseguir estar dentro do pavilhão com aquele queijo lá dentro”. Caso seja pouco suportável, o World Cheese Awards conta ainda com uma tenda de produtores ligada ao pavilhão multiusos, a Tenda Viseu, que homenageia o que de melhor se faz em Portugal, onde vão decorrer showcookings, provas de queijos comentadas, provas de vinhos e música ao vivo.
É também nesta tenda que vão decorrer as provas harmonizadas nas quais as pessoas vão ter a oportunidade de combinar os vinhos com os queijos. “É a primeira vez que isto se faz”, revela, acrescentando que nas últimas 35 edições não havia sequer provas de queijo. “Já que estão cá os queijos, podemos pôr as pessoas a provar os queijos, que é uma coisa que nunca aconteceu”, afirmou. Assim, qual é o aquele que o público português pode menos gostar de provar? Os do leste da Europa, como da Ucrânia e da Polónia, por serem queijos não muito intensos. “Tradicionalmente, o português gosta de queijo com sabor, cremosos, como o da Serra, o de Azeitão, o de Serpa. São queijos muito intensos na boca e que vão bem com vinho”, explicou.
Criados em 1988 pela britânica Guild of Fine Food, os World Cheese Awards representam o maior evento do mundo para o setor de produção de queijos artesanais e elegem, por meio de um júri composto por 250 especialista, 35 deles portugueses, o melhor queijo dos 4.784 em competição. Trabalhando em equipas de dois a três elementos, os jurados identificam os queijos dignos de um prémio de ouro, prata ou bronze.
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Depois de analisarem a casca e o corpo do queijo, a cor, textura, consistência e, acima de tudo, o sabor, cada equipa nomeia então um queijo como Super Ouro da sua mesa. Estes são identificados como os melhores do mundo e seguem para uma segunda fase onde será selecionado um queijo para ser o vencedor na ronda final. Para além dos prémios de Bronze, Prata, Ouro e Super Gold (a distinção máxima), existem troféus específicos por país e por categoria, como o Melhor Queijo Azul ou o Melhor Queijo de Cabra.
Este ano os World Cheese Awards chegam pela primeira vez a Portugal. O Centro, e Viseu, em específico, foi a região escolhida “porque um dos melhores queijos portugueses é o queijo de Serra da Estrela e isso está representado nesta região”. Com 180 queijos portugueses em concurso, “o cenário de sonho seria um queijo português na grande final, portanto, o Super Ouro, e cinco medalhas. Isso é o nosso objetivo”, revela Bruno Filipe Costa.