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Mondlane denuncia tentativa de expulsar militares; Nyusi apela à união dos moçambicanos

Presidente moçambicano apelou à união dos moçambicanos e queria estádio cheio no jogo contra o Mali. Venâncio Mondlane marcou uma "hora de barulho" e denunciou caça às bruxas no exército.

Populares aguardam na longa fila na fronteira de Ressano Garcia, a principal entre Moçambique e a África do Sul, é justificada pelas restrições, face à covid-19, adotadas pelas autoridades sul-africanas, que também não estão a aceitar os testes rápidos realizados em Moçambique, levando ao desespero as pessoas que estão nas filas e são obrigadas a dormir nos veículos, em  Ressano Garcia, Moçambique, 08 de janeiro de 2021. (ACOMPANHA TEXTO DA LUSA). LUÍSA NHANTUMBO/LUSA
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LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

E ao terceiro dia de protestos desta semana, o Presidente de Moçambique falou pela primeira vez para pedir a união dos moçambicanos em “momentos atribulados e de desafios” e apelou à presença no jogo da seleção nacional de futebol contra o Mali. Quase ao mesmo tempo, Venâncio Mondlane denunciava uma espécie de caça às bruxas aos militares que “têm estado ao lado do povo” e pedia uma “hora de barulho” para a noite desta sexta-feira em todo o país.

“O povo está unido”, disse o candidato independente às eleições presidenciais de 9 de outubro, mentor dos protestos que há mais de vinte dias abalam o país. No Facebook, numa transmissão vídeo com mais de 100 mil ligações em direto na manhã desta sexta-feira, o político incentivou as manifestações neste último dia da primeira parte da quarta fase da contestação aos resultados eleitorais oficiais que dão a vitória à Frelimo e ao seu candidato, Daniel Chapo.

Pela primeira vez envolto numa bandeira de Moçambique desde que fala aos apoiantes de parte incerta, por razões de segurança, VM7, como Mondlane é tratado pela população, acusa uma “ditadura muito cruel, em que os agentes da polícia estão a entrar nos prédios e nas casas das pessoas à procura de manifestantes”. Mais, continuou, nesta sexta-feira “decorreu uma reunião para afastar do exército os jovens soldados que na quinta-feira se colocaram ao lado do povo” no bloqueio da principal fronteira terrestre de Moçambique, a que separa o país da África do Sul.

Este posto fronteiriço foi fechado nestes três dias de protesto, de forma pacífica, com os manifestantes a fazerem festa na estrada, com música e pessoas a dançarem. Um vídeo que circulou durante todo o dia de quinta-feira nas redes sociais mostrava soldados num carro militar a fazer o sinal 3 com a mão (o sinal de Mondlane, a posição que tinha nos boletins de voto) e a cantarem: “Jurámos defender a nação trabalhando com o povo”.

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O político que contesta a vitória do candidato da Frelimo nas eleições fez um discurso de apoio aos militares, dizendo-lhes para se manterem fiéis ao seu juramento e avisou o exército que se forem expulsos eles irão engrossar o “exército dos indignados contra o regime”. Presta depois uma homenagem aos que estiveram ao lado dos manifestantes: “A minha vénia vai para vocês, este país está nas vossas mãos, desacatem ordens para atacar a população”, disse.

Os militares não foram um tema exclusivo de Venâncio Mondlane. O Presidente de Moçambique também teve palavras para o exército. Nyusi esteve o encerrar o 11.º curso  do Estado maior Conjunto e o 13.º curso de Promoção Oficial Supremo, incentivando os oficiais graduados a dedicarem-se “com maior brilho e afinco no alcance dos objetivos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique”.

“Os valores de paz e reconciliação, plasmados no Acordo de Maputo [assinado entre os dois partidos armados Frelimo e a Renamo para terminar com a instabilidade no país, em 2019], continuam a ser centrais para os interesses nacionais de Moçambique e para um futuro próspero”, disse o Chefe de Estado moçambicano.  Sem se referir concretamente ao atual cenário de crise no país, deixou um alerta: “Em cada momento que nosso empenho pela paz for colocado à prova, a nossa resiliência cresce e saímos mais reforçados”.

Nyusi considerou que “em momentos atribulados e de desafios, a unidade torna-se não só importante, mas essencial. O nosso futuro, a nossa nação, as nossas famílias, os nossos filhos chamam por cada um de nós para dar mais um passo em frente com dedicação e esperança”, defendeu.

Por outro lado, Filipe Nyusi anunciou que mais de 73% dos beneficiários do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reconciliação (DDR) dos ex-guerrilheiros da Renamo já começaram a receber as suas pensões. E aproveitou a cerimónia de graduação dos cursos militares para apelar ao apoio à seleção nacional de futebol (os Mambas) que defrontou neste dia o rival do Mali.

A julgar pelas imagens do estádio que foram partilhadas nas redes sociais, o pedido do Presidente não teve o acolhimento que terá desejado. “O patrocinador dos Mambas ofereceu mais de 12 mil bilhetes e estão a levantar, seria bom ir aproveitar esses bilhetes para noite, porque nós queremos boas coisas em Moçambique”, apelou Nyusi. Os vídeos mostram um estádio que está longe de estar repleto.

Um convite ao jogo que foi criticado por Venâncio Mondlane nos 40 minutos da sua “live” de motivação ao protesto enquanto garantia: “A nossa luta não vai acabar”. Referindo  que “este exército enorme que veio salvar Moçambique” vai passar “por momentos de dor, perseguição, frustração, desânimo”, sublinhou que esse percurso é o “da libertação do país”.

E para fechar o dia de protestos, que foi marcado por manifestações pacíficas em vários pontos de Moçambique, incluindo a capital, marcou um protesto diferente, sobretudo para aqueles que lhe têm dito que não podem sair à rua “porque são militares ou funcionários públicos”. Mondlane convocou “uma hora de barulho”, entre as 21h e as 22h em todo o país. “Peguem em panelas, tachos, vuvuzelas, apitos, batuques, seja lá o que for, e façam barulho, se não tiverem nada batam palmas, mas façam barulho”, instruiu. “Não durmam”, pediu.

Venâncio Mondlane tem os olhos postos na reunião da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) que decorre neste sábado em Harare, no Zimbabwe. Para já conta com o apoio da Amnistia Internacional que na quinta-feira pediu a esta organização uma “posição firme” face à violência que se alastrou em Moçambique. Mondlane fala em 70 mortes durante todo o período de contestação, em três dias houve pelo menos 11 vítimas mortais segundo a plataforma Decide.

Pelo menos 11 mortos e 16 baleados em manifestações desde quarta-feira em Moçambique

“A situação em Moçambique piora a cada dia que passa, à medida que o número de mortos aumenta, mas a SADC mantém um silêncio chocante”, lamentou a diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Khanyo Farisè.

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