Os líderes de Governo e chefes de Estado do grupo G20 prometeram esta terça-feira unir esforços em prol de uma “mobilização global contra as alterações climáticas”.

“Reconhecendo que a totalidade dos nossos esforços será mais poderosa do que a soma das suas partes, nós cooperaremos e uniremos esforços para uma mobilização global contra as alterações climáticas”, lê-se na declaração final do grupo das 20 maiores economias do mundo, no qual este ano Portugal participa a convite do Brasil.

Na declaração final, que era esperada apenas para esta terça-feira à tarde, último dia da cimeira realizada na cidade brasileira do Rio de Janeiro, os líderes mostram-se “determinados a liderar ações ambiciosas, oportunas e estruturais em nossas economias nacionais e no sistema financeiro internacional com o objetivo de acelerar e ampliar a ação climática”.

“Reconhecemos que as crises que enfrentamos não afetam igualmente o mundo igualmente, sobrecarregando desproporcionalmente os mais pobres e aqueles que já estão em situação de vulnerabilidade”, apontaram.

Aprovada declaração do G20 com menções tímidas sobre imposto para super-ricos e conflitos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na declaração menciona-se ainda que os países vão-se encorajar mutuamente para com o objetivo de “emissões líquidas zero de GEE/neutralidade climática levando em consideração o Acordo de Paris”, mas também as “diferentes circunstâncias, caminhos e abordagens nacionais”.

A nomenclatura diferentes “circunstâncias, caminhos e abordagens nacionais” foi também utilizada sobre a necessidade de “reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa, alinhadas aos caminhos para limitar o aquecimento global a 1,5 °C”.

O documento refere ainda a importância de “intensificar” os esforços para proteger e conservar de forma sustentável as florestas e apela a um maior empenho na luta contra a desflorestação.

A este respeito, os líderes apelaram a que sejam tidos em conta os desafios das comunidades locais e dos povos indígenas e comprometeram-se a mobilizar “fundos novos e adicionais para as florestas”, para o que, afirmaram, “tomaram nota” dos planos de criação do Fundo Tropical Forest Finance Facility (TFFF).

O fundo é uma proposta do Brasil para compensar os países de baixo e médio rendimento pela preservação das suas florestas, que será lançada pelo país sul-americano na cimeira do clima na cidade amazónica brasileira de Belém (COP30).

A declaração dos líderes só era esperada no final da cimeira, que terá lugar esta terça-feira com a sessão plenária final sobre transição energética e desenvolvimento sustentável.

Entre os principais líderes presentes destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.

O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.

Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, no Rio de Janeiro encontram-se representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil —, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O G20 é constituído pelas principais economias do mundo. A presidência do Brasil termina no final do mês, passando em dezembro para a África do Sul.

Xi anuncia melhorias na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e mais apoio ao Sul Global

O Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou esta terça-feira o apoio aos países em desenvolvimento, na cimeira do G20, incluindo a promoção de uma iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” de “alta qualidade”, o plano estratégico de infraestruturas de Pequim.

“A China sempre foi um membro do Sul Global e um parceiro fiável e duradouro para os países em desenvolvimento”, sublinhou Xi, durante um discurso na cimeira, que decorre no Rio de Janeiro, em declarações transmitidas pela televisão estatal chinesa CCTV.

Xi, que utiliza frequentemente estes fóruns internacionais para promover a liderança chinesa entre os países em desenvolvimento, anunciou uma série de iniciativas, incluindo a promoção de uma “rede de ligações” de alta qualidade e “tridimensional”, incluindo uma “Rota da Seda” ecológica e digital, no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

O projeto-chave da administração de Xi, que não é isento de controvérsia devido ao endividamento que implica para os países beneficiários, atingiu um marco importante, na semana passada, com a inauguração, no Peru, do porto de Chancay, promovido como “ponto de partida para um novo corredor” entre a Ásia e a América Latina.

A infraestrutura vai dar ao Brasil, por exemplo, acesso ao Oceano Pacífico, reduzindo o tempo e custo no comércio com a Ásia, o destino mais importante das exportações brasileiras.

Xi Jinping disse também que o país vai criar um Centro de Investigação para o Sul Global, para aumentar a cooperação em setores como a segurança alimentar, e que vai trabalhar com os países africanos para dar seguimento aos compromissos assumidos no Fórum de Cooperação China-África (Focac), que se realizou em setembro, em Pequim.

A China prometeu 50,7 mil milhões de dólares (47,9 mil milhões de euros) para financiar o desenvolvimento do continente africano nos próximos três anos.

Xi manifestou o apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lançada na segunda-feira na sessão de abertura da cimeira do G20.

O líder chinês indicou ainda que, juntamente com o Brasil, a África do Sul e a União Africana, Pequim vai promover a “Iniciativa Internacional de Cooperação Científica”, bem como intercâmbios com o Sul Global em domínios como a digitalização, a educação e a luta contra a corrupção, sem adiantar mais pormenores.

Xi também defendeu o comércio livre e propôs a redução das taxas alfandegárias para os países menos desenvolvidos que mantêm relações diplomáticas com a China, um discurso que tem incentivado na sequência da vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.

O bloco G20 é composto pela Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, União Europeia e União Africana.