Era um dos momentos mais antecipados pelo universo do Manchester United. Com a tão badalada questão do visto já resolvida, Rúben Amorim deu esta segunda-feira o primeiro treino em Carrington, a base de operações do clube inglês, e ofereceu as primeiras ideias daquilo que poderá ser a postura da equipa já na estreia, no próximo domingo, contra o Ipswich.

Nos vídeos partilhados pelas redes sociais do Manchester United, o treinador português surge a dar indicações ao reduzido grupo de trabalho — apenas dez jogadores, já que os restantes estão ainda ao serviço das respetivas seleções — e é possível ver também alguns dos adjuntos que o acompanharam, como Emanuel Ferro, Carlos Fernandes e Jorge Vital. Nos comentários às publicações, vários adeptos dos red devils destacaram as principais ilações das imagens, sublinhando um momento em que Rúben Amorim se integra no treino e trava um duelo com Jonny Evans.

“É excelente ver um treino mais intenso com situações de jogo, ao invés de rodinhas estúpidas e sem sentido”, escreveu um adepto. “Vi-o a correr de uma ponta à outra do relvado e quase chorei”, acrescentou outro. “Reparei que o Luke Shaw surgiu como central à esquerda, o que é muito interessante. Talvez seja para dar algum espaço ao Malacia. De qualquer modo, é positivo que os padrões táticos estejam a mudar”, podia ler-se. “Uma das coisas boas de ter treinadores jovens é a forma como dão os treinos. Já o vimos com Arteta, com Xabi Alonso e agora com Amorim. Aquele duelo com o Evans fez faísca”, referia outro comentário.

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Rúben Amorim já contou com Kobbie Mainoo, que tinha saído lesionado do jogo contra o Aston Villa, e viu Luke Shaw, Malacia e Leny Yoro, que estão com problemas físicos, subirem ao relvado mas apenas para realizar trabalho específico de recuperação. Lisandro Martínez e Lindelöf, que se lesionaram ao serviço da Argentina e da Suécia, regressam a Carrington esta semana para serem avaliados e recuperados. Face às ausências, o treinador português chamou Godwill Kukonki, jovem defesa de 16 anos que joga nos juniores e que já representou os Sub-21 do clube.

Quem também esteve no treino desta segunda-feira, porém, foi Marcus Rashford. O avançado inglês não fez parte da última convocatória de Lee Carsley, para os jogos contra Grécia e Irlanda na Liga das Nações, e integrou os primeiros instantes de Rúben Amorim no Manchester United. Nas redes sociais, Rashford partilhou uma fotografia do treino e escreveu “sessão de topo hoje”.

Ainda assim, nem todos estão otimistas com o futuro do Manchester United — logo, com o futuro de Rúben Amorim. Num texto de opinião publicado no jornal The Sun, o colunista Neil Custis defendeu que o treinador ainda vai arrepender-se de ter deixado o Sporting. “Foi maravilhoso ver o calor dirigido a Rúben Amorim na sua despedida do Sporting. E mesmo depois da grande vitória por 4-1 contra o Manchester City só consegui sentir pena dele. Alcançou um sucesso incrível. Compreensivelmente, é adorado pelos adeptos, mesmo quando souberam que ia sair. Além disso, tinha uma clara ligação com os jogadores. Parecia um homem genuinamente feliz com a vida que levava em Lisboa”, começou por escrever.

“Mas decidiu atirar-se para a trituradora de carne conhecida como ‘Manchester United dos tempos modernos’. Basta olhar para o tratamento horrível do clube com o seu antecessor para perceber aquilo em que se está a meter. Houve algo bastante desagradável na maneira como o Manchester United fez todas aquelas publicações nas redes sociais. Foi como se tivesse chegado alguém pronto para guiar o clube até à luz depois de um período negro”, acrescentou.

Por fim, Neil Custis indica que Rúben Amorim terá de ser o “Beethoven do futebol” para “conseguir tirar algo” do Manchester United. “Por enquanto, terá de aguentar tudo o que implica ser treinador do Manchester United. É o sexto treinador a tempo inteiro desde a saída de Alex Ferguson. Todos chegaram com um sorriso, a pensar que podiam ser ‘o tal’. E todos saíram com a reputação arruinada e com as vidas mudadas. Às vezes, se encontrarmos felicidade na vida — e um trabalho que amamos com pessoas à nossa volta que também nos amam –, é aí que sabemos que atingimos o momento mais alto. Era o que Amorim tinha. E daqui a dois anos vai desejar nunca ter virado as costas a isso”, termina.