O festival Super Bock Super Rock (SBSR), que nos últimos anos tem acontecido na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, Sesimbra, vai regressar com uma nova promotora, pondo fim a uma parceria de quase três décadas entre a cervejeira e a promotora Música no Coração. O festival acontece no próximo ano de 17 a 19 de julho, como consta no site do evento.
Desde a primeira edição, em 1995, que o festival Super Bock Super Rock era organizado pela Música no Coração, promotora de Luís Montez. Contactado pelo Observador, Montez confirma que não foram convidados a fazer a próxima edição. “Não tivemos nenhuma reunião nem manifestação de interesse. Não nos foi dito nada. Tenho ouvido rumores. Desejo uma boa sorte para o festival, espero que corra bem”, afirma, frisando: “Não nos informaram quem vai ser o promotor”. Sobre os motivos para o fim da parceria que começou já nos anos 90, limita-se a dizer que “terminou o contrato”.
O Observador contactou algumas das promotoras associadas à produção de grandes festivais em Portugal. José Barreiro, da Pic-Nic, empresa que organiza o Primavera Sound, e sócio da Ritmos, que organiza o Vodafone Paredes de Coura, confirma que nenhuma das empresas está envolvida com o SBSR. Já o departamento de comunicação da Last Tour, que organiza o festival Meo Kalorama, garante que “não irá promover o SBSR em 2025”. Álvaro Covões, da Everything is New, que organiza o NOS Alive, também assegura: “Não estamos envolvidos com o projeto”, tal como Jorge Lopes, da PEV Entertainment, responsável pelo Meo Marés Vivas.
“Não tenho nada a dizer sobre isso para já”, diz Álvaro Ramos, da Ritmos & Blues, promotora que será em breve da Live Nation, depois de esta quinta-feira a Autoridade da Concorrência ter dado luz-verde à compra não apenas da Ritmos & Blues como também da Arena Atlântico, dona da Meo Arena. Ao Observador, John Reid, presidente da Live Nation EMEA, admite, contudo, que o “foco [da Live Nation em Portugal] não está nos festivais, está na Meo Arena”, lembrando que a Live Nation já produz, de dois em dois anos, o Rock in Rio Lisboa. Questionado se a Live Nation fez uma proposta à Super Bock para a realização do evento, garante: “Não estamos em conversas”, sublinhando que o “foco é o edifício” em Lisboa.
A Super Bock, através do gabinete de imprensa, não responde a nenhuma das questões do Observador e limita-se a dizer, por escrito, que “relativamente ao tema Super Bock Super Rock”, “assim que for oportuno, partilharemos todas as novidades”.
A 14 de outubro, o Jornal de Notícias já dava conta de que a parceria entre a Super Bock e a promotora Música no Coração tinha chegado ao fim, sem avançar mais detalhes. É um desfecho previsível tendo em conta que, nos últimos meses, vários projetos com a marca Super Bock associados à Música no Coração tinham terminado.
O Super Bock em Stock, festival que acontecia anualmente no outono na Avenida da Liberdade, não aconteceu este ano pela primeira vez em 16 anos (com a exceção do período de pandemia). Numa nota enviada ao site Echoboomer, em outubro, a Música do Coração confirmava que o festival não ia acontecer em 2024, mas não determinando o fim do evento que já existiu sob o nome Vodafone Mexefest. “Mantemos a convicção de que este evento faz falta, ao Inverno, à cidade, ao público, à Música e, tal como até agora, continuaremos a promover a arte e a cultura de formas que ressoem com a nossa comunidade. Em formatos conhecidos ou novos, continuaremos a celebrar a música no futuro, com todos os que nos têm acompanhado”, referia a nota da promotora, citada pelo mesmo site.
Um mês antes, em setembro, a rádio SBSR, que nasceu associada, desde logo no nome, ao festival Super Bock Super Rock, fez a sua última emissão. A rádio detida até então pela Música no Coração, do empresário Luís Montez, foi comprada em junho pela MediaLivre, proprietária do Correio da Manhã, dos canais televisivos CMTV e NewsNow, dos jornais Record e Jornal de Negócios e das revistas Sábado, TV Guia e Máxima. As frequências já são ocupadas, desde 11 de outubro, pela CM Rádio.