As obras de requalificação da Escola Artística de Música e Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, só deverão estar concluídas no final de 2025, dois anos após o prazo inicialmente previsto, revelou à Lusa a empresa Construção Pública.

Os trabalhos de requalificação do edifício no Bairro Alto arrancaram em outubro de 2021, após vários concursos públicos internacionais sem sucesso, com um prazo de execução contratual de 22 meses, ou seja, deveriam estar concluídos no final de agosto de 2023.

Questionada pela agência Lusa, a Construção Pública (antiga Parque Escolar) confirmou o atraso e adiantou que “de acordo com o plano de trabalhos da empreitada, prevê-se que a intervenção esteja concluída no 4.º trimestre de 2025”.

Há mais de uma década que alunos e professores reclamavam obras profundas no edifício do antigo Convento dos Caetanos, construído no século XVII, com vários problemas de degradação.

Em junho de 2018, foi lançado o primeiro concurso público internacional, que ficou deserto, sendo depois lançado um novo concurso, com reajustamento do preço base às condições do mercado.

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As obras arrancaram em maio de 2019 e previa-se que estivessem concluídas no final de novembro de 2020, mas logo em janeiro o contrato acabou por ser objeto de resolução sancionatória pela Parque Escolar, depois de o empreiteiro ter abandonado os trabalhos.

Foi então preciso lançar um novo concurso público, no valor de 13 milhões de euros, que se concretizou em 2021.

A empresa justificou agora o atraso nas obras de requalificação do edifício histórico com “alguns aspetos que provocaram constrangimentos no normal andamento dos trabalhos”, como as dificuldades de acesso à escola, localizada no Bairro Alto.

“As especificidades dos trabalhos a realizar num edifício desta natureza, que obriga ao acompanhamento por parte do Património Cultural, I.P., e a identificação de situações imprevistas que têm surgido no decorrer da obra, levaram a que o ritmo para o cumprimento dos prazos contratuais tenha sido impactado”, acrescenta.

A Construção Pública aponta ainda atrasos por parte do empreiteiro decorrentes da escassez de fornecimento de materiais e matérias-primas no setor da construção civil e falta de mão-de-obra.

“A 12 de setembro de 2024, ocorreu a receção provisória da fase 1B da obra dando-se início ao ano letivo 2024/2025 com a ocupação dos novos espaços requalificados (estúdios e zona de produção) pela Escola de Dança”, refere a empresa na resposta à Lusa.

Câmara de Lisboa exige que Governo resolva problemas da Escola de Música do Conservatório

Os alunos da Escola de Música estão desde o ano letivo 2018/2019 na escola secundária Marquês de Pombal, em Lisboa, uma mudança temporária que se previa que durasse apenas um ano e onde professores e alunos se queixavam de falta de condições.

“Tem sido tudo resolvido lentamente”, disse à Lusa o professor da Escola de Música Bruno Cochat, explicando, no entanto, que as apresentações continuam a realizar-se fora da escola por não existir nenhum espaço para o efeito.

“Temos de andar com a casa às costas, mas foram criadas algumas condições”, acrescentou o docente, que espera regressar ao Bairro Alto no ano letivo 2026/2027.