A propósito do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, a ANASO — Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária —  divulgou dados relacionados com a doença no país. De acordo com a a associação, em Angola chegam a morrer aproximadamente 13 mil pessoas por ano devido a complicações relacionadas com o VIH e agravadas por vários fatores ligados à situação económica e social do país.

“Relativamente às mortes, o país está a registar cerca de 12 a 13 mil mortes por ano relacionadas com a SIDA”, revelou o líder da associação, acrescentando que “há uma grande falta de fundos disponíveis” para fazer face à realidade que se observa.

António Coelho citou dados da ONUSIDA quando disse que o país tem atualmente uma taxa de prevalência de 2% que se traduz em cerca de 350 mil pessoas a viverem com o vírus, das quais destacou 32 mil crianças, 35 mil jovens e 200 mil mulheres.

O presidente da principal associação de luta contra a doença naquele país avançou ainda que “a situação da SIDA em Angola é  preocupante“, referindo-se aos focos de concentração da doença que “podem evoluir para uma situação alarmante se não forem tomadas medidas urgentes”.

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O contexto da SIDA — que entende estar a ser marcado pela situação económica e social que o país vive — “é crítico e tem impacto negativo à resposta ao seu combate do VIH”. Consequentemente, tem-se registado cerca de 16 mil novas infeções por ano. Também frisou que muitos pacientes estão a abandonar o tratamento por causa da fome, já que muitas famílias não têm condições para garantir alimentação diária.

“O contexto está a ser tratado ainda por uma alta taxa de abandono do tratamento com antiretrovirais, sobretudo por causa das drogas que são muito fortes e as pessoas não têm uma alimentação cuidada para dar reposta à situação”

Explicou ainda que a atual crise que Angola atravessa tem sido determinante para o aumento do número de pessoas contaminadas, sendo que se observam crianças e adolescentes a exercer trabalhos sexuais para o sustento das famílias.

“Concluímos que a pobreza, o analfabetismo, a grande mobilidade da população, os ritos e mitos e o início precoce da vida sexual ativa, estão a contribuir para as grandes determinantes. Fundamentalmente o início precoce da atividade sexual, porque temos relatos de caso de crianças dos oito aos nove anos que começaram o trabalho sexual para sustento das famílias, devido a crise social que o país vive”.

Referiu também que, neste momento, as crianças a viver com o VIH estão a ser deixadas para trás, sendo que “há um trabalho deficiente com os adolescentes e jovens”, e estes formam o “grupo de maior incidência no âmbito do VIH”.

A ANASO organizou este sábado uma marcha de solidariedade contra a SIDA para despertar a consciência nacional para a necessidade de prevenção e combate à doença, sob o lema “Siga o caminho dos direitos”.