O Fianna Fáil de Micheál Martin conquistou o maior número de assentos no Dáil (câmara baixa do parlamento) nas eleições gerais da República da Irlanda. É a segunda vitória consecutiva, mas o melhor desempenho desde 2007. A coligação formada com o Fine Gael, o terceiro classificado nestas eleições, deverá protagonizar o próximo governo da Irlanda de uma forma semelhante à dos últimos quatro anos.

Apesar das sondagens à boca da urna indicarem um empate técnico a três, com uma potencial vitória para Sinn Féin, o grande vencedor foi novamente a direita centrista de Micheál Martin, que terá 48 teachtaí dála (deputados, em irlandês) na assembleia. O principal partido de oposição, o Sinn Féin liderado por Mary Lou McDonald conseguiu eleger 39 representantes, conseguindo ultrapassar o resultado obtido pelo partido do atual primeiro-ministro Simon Harris (38). Para garantir uma maioria parlamentar, seria necessário eleger 88 deputados. Então, com 86, Martin e Harris terão de encontrar uma terceira opção para integrar o Executivo.

A formação de um novo governo não é esperada antes do Natal e, nas últimas eleições, este diálogo demorou cerca de cinco meses para orquestrar a solução governativa apresentada pelo Fianna Fáil e pelo Fine Gael. Daqui, surgiu uma governação rotativa, onde os dois líderes partidários ocuparam o cargo de Taoiseach (primeiro-ministro) durante um período de dois anos, com Martin a dar início à legislatura e Leo Varadkar a carregar a pasta até abril deste ano, quando decidiu abandonar a posição. Sucedeu-lhe no cargo Simon Harris, o agora líder do terceiro partido mais popular no país.

De acordo com a BBC, as opções para preencher os lugares necessários à maioria parlamentar podem passar por convites ao centro, à direita, à esquerda ou mesmo pelos 16 candidatos independentes eleitos. Com a redução para apenas um deputado, os Verdes acabam por perder também o poder de negociação para regressar ao governo, depois de terem pertencido à coligação tripla que liderou o país nos últimos quatro anos.

Em declarações à RTÉ, a deputada Marie Sherlock, do Partido Trabalhista, só admite o envolvimento dos trabalhistas numa solução governativa se o braço for também estendido a outros “partidos pequenos”. Eoin Ó Broin, deputado pelo partido de oposição Sinn Féin, afirma que estão disponíveis para conversar com “outros partidos progressistas”, mas membros da coligação vencedora já rejeitaram qualquer possibilidade de integrar o Sinn Féin no governo, uma vez que “não existe uma base comum quando se trata de substância na política”.

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