O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu estar preocupado com as “incertezas que estão no horizonte” na Alemanha e França, lembrando a “instabilidade política e financeira” que os dois países atravessam e que podem “condicionar o futuro próximo” de Portugal. Ainda assim, salientou que o país pode nesta fase “impor-se” a nível internacional.

Recusando “lamuriar-se”, Luís Montenegro afirmou que neste contexto Portugal pode assumir-se como um “destino seguro de investimento”. “Do ponto de vista do nosso interesse nacional, podemos assumir-nos na Europa, e a partir da Europa também no mundo, como um destino seguro de investimento e de aproveitamento do capital humano e empresarial“, sublinhou numa conferência para celebrar o 8.º aniversário do jornal ECO.

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Montenegro disse ainda que a Europa deve apostar em grandes empresas com força global, mas deixou uma ressalva: não devem estar todas concentradas nos maiores países. “Sou a favor de campeões europeus, desde que não estejam todos localizados na Alemanha e França”, apontou, acrescentando que a Europa tem de ter “instrumentos para deslocalizar investimentos e aproveitar o potencial de cada região e Estado-membro.”

“Como defendo que em Portugal tenhamos cada vez mais grandes empresas, acho que a Europa deve ter gigantes comerciais e industriais, desde que a estratégia que visa a sua constituição e desenvolvimento não esteja refém apenas do interesse da França e da Alemanha – e agora há mais países a entrar nessa órbita”, notou.

O primeiro-ministro também falou sobre o tema da segurança, que na semana passada o levou a fazer uma conferência de imprensa na qual alertou que o país “não pode viver à sombra da bananeira”. No evento do Eco, voltou a destacar a segurança como um “aspeto crucial para a vida económica e para a captação de investimento” para o país.

“Portugal é um país seguro, mas é preciso não viver à sombra da bananeira”

“Somos mesmo um dos países mais seguros do mundo. Tenho mesmo muita convicção no que digo: somos objetivamente um dos países mais seguros do mundo”, destacou, acrescentando que “os portugueses exigem que isto não seja apenas uma proclamação” e alertando para o perigo de se esperar passivamente a “sua manutenção eterna”.

“É preciso obviamente travar qualquer fenómeno de aumento de criminalidade que possa pôr em causa este valor em si. Porque há países que há alguns anos eram tão seguros como nós e hoje não são. Vejam a Suécia, a Holanda ou a Bélgica. Este elemento não está garantido por si mesmo”, defendeu.