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Para “proteger o país das forças comunistas da Coreia do Norte”, o Presidente da Coreia do Sul impôs esta terça-feira a “lei marcial de emergência”. Yoon Suk Yeol acusa a oposição de controlar o parlamento, simpatizar com os vizinhos inimigos de Pyongyang e paralisar o governo com “atividades contra o Estado que preparam uma revolta”.

Numa comunicação surpresa feita ao país na televisão esta terça-feira, Yoon Suk Yeol prometeu “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem democrática constitucional”.

A decisão do conservador Yoon Suk Yeol surge num momento em que os seus índices de popularidade são baixos e em que os dois partidos estavam num impasse sobre a proposta de orçamento para o próximo ano. Por outro lado, Yoon, no poder desde 2022, tem estado debaixo de fogo com escândalos que envolvem a sua mulher numa alegada manipulação de ações e da aceitação de uma mala de luxo Dior.  Yoon pediu desculpa em novembro, dizendo que a mulher devia ter tido outra atitude, mas tem recusado uma investigação independente ao caso.

Mas a decisão está longe de ser consensual, mesmo do lado do partido de Yoon Suk Yeol. Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, o líder do Partido Popular considera esta decisão errada e já disse que iria tentar bloquear a sua entrada em vigor. Menos surpreendente foi a posição no mesmo sentido do presidente do Partido Democrático, na oposição, que discordou da medida dizendo que “é inconstitucional”.

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Para a lei marcial entrar em vigor é necessário que passe no Parlamento o que acabou por não acontecer. A oposição convocou de imediato uma manifestação de deputados para a porta da Assembleia Nacional, que foi fechada pelas forças de segurança, mas depois reaberta. E acabaram por votar a favor de uma resolução que obriga o Presidente a levantar a lei marcial.

Cerca de três horas depois, o Chefe de Estado revelou que ia cumprir a lei. “Eu aceitei a decisão tomada pela Assembleia Nacional de dissolver e levantar a lei marcial”, declarou. A decisão foi, ao início da manhã desta quarta-feira, hora local, aprovada também pelo conselho de ministros.

Yoon Suk Yeol adiou o primeiro evento público que tinha na agenda, enquanto enfrenta pedidos de demissão da oposição. “Não ficaremos de braços cruzados a assistir ao crime do Presidente Yoon de destruir a Constituição e espezinhar a democracia”, avisou o Partido Democrático da Coreia do Sul, garantindo que vai dar início a um processo de destituição se o Chefe de Estado “não se demitir imediatamente e de forma voluntária”.