A primeira mão trouxe recordes, um Estádio do Dragão praticamente cheio e a vontade inabalável de estar no Campeonato da Europa. Mas não trouxe a vitória. Esta terça-feira, a segunda mão tinha obrigatoriamente de trazer a vitória. Até porque a tal vontade inabalável de estar no Campeonato da Europa dependia disso mesmo.
A Seleção Nacional empatou com a República Checa na passada sexta-feira, com o golo de Kika Nazareth a não ser suficiente para anular o de Kateřina Svitková, e entrava na segunda mão do playoff de apuramento para o Euro 2025 com essa certeza de que era preciso ganhar. Em Teplice, bem no norte do país e já perto da fronteira com a Alemanha, a equipa de Francisco Neto procurava a terceira qualificação consecutiva para fases finais de grandes competições depois de ter estado no Euro 2022 e no Mundial 2023.
Na antevisão, o selecionador nacional assumia a importância do apuramento e a necessidade de estar presente no próximo Campeonato da Europa — mas lembrava que uma eventual ausência não podia definir o sucesso do projeto. “Espero que as pessoas não fiquem à espera deste resultado para continuar a desenvolver o futebol feminino. Queremos muito estar lá, não estou a sacudir a pressão, e vamos fazer tudo para o conseguir. Mas o crescimento do futebol feminino é imparável e não pode depender de um só jogo. Sabemos e assumimos a responsabilidade de estar nas fases finais, mas não é justo depositar todo o desenvolvimento num único jogo e nestas 25 jogadoras. Elas têm noção da responsabilidade de estar num Campeonato da Europa”, explicou o treinador.
Assim, Francisco Neto fazia duas alterações face ao onze inicial que defrontou a República Checa na sexta-feira e trocava Jéssica Silva por Diana Silva no ataque e Inês Pereira por Patrícia Morais na baliza. Do outro lado, numa seleção que nunca marcou presença numa fase final de um Europeu ou de um Mundial, Karel Rada só mexia numa peça e deixava Franny Cerná no banco para colocar Tereza Krejčiříková.
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Portugal começou claramente melhor, arrancando com as linhas subidas e muita posse de bola no meio-campo adversário, sem permitir que a República Checa se aproximasse da baliza de Patrícia Morais. O primeiro lance de algum perigo surgiu ainda dentro dos dez minutos iniciais, com Andreia Jacinto a rematar por cima à entrada da grande área (6′), e a equipa de Francisco Neto demonstrava capacidade para pensar o desenho ofensivo e explorar as melhores opções para chegar ao golo.
As checas tiveram a primeira ocasião mais perigosa pouco depois, com Aneta Dedinová a rematar para defesa fácil de Patrícia Morais na sequência de um livre (11′), mas o golo português já não demorou. Joana Marchão desequilibrou na esquerda, tirou um bom cruzamento para a área à procura do primeiro poste e Diana Silva desviou de cabeça, com a bola a bater ainda em Dedinová e a enganar a guarda-redes (13′).
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A Seleção manteve o ascendente durante os dez minutos seguintes, ainda que sem voltar a ficar perto de marcar, mas a República Checa começou a reagir já perto da meia-hora e inverteu a dinâmica. As checas subiram as linhas, espaçaram os setores e assentaram no meio-campo português, com Patrícia Morais a ser obrigada a duas defesas consecutivas após remates de Kateřina Svitková e Andrea Stasková (28′). Logo depois, o empate apareceu mesmo.
Ana Capeta intercetou um remate na grande área portuguesa com os braços, a árbitra da partida assinalou grande penalidade depois de analisar as imagens do VAR e Svitková empatou no frente a frente com Patrícia Morais (35′). Já nada mudou até ao fim da primeira parte, ainda que tanto Portugal como a República Checa tenham voltado a aproximar-se das balizas contrárias, e o jogo chegou mesmo empatado ao intervalo.
⏸️ INTERVALO ⏸️
⚽ Diana Silva adianta Portugal no marcador
✔️ Svitková volta a marcar a Portugal
???? Patrícia Morais com 2 boas defesas @selecaoportugal I #WEURO2025 pic.twitter.com/OBILVrrhuX— UEFA.com em português (@UEFAcom_pt) December 3, 2024
Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica da ponta final da primeira parte manteve-se, com a República Checa a entrar melhor e a provocar muitas dificuldades a Portugal, incluindo um remate de Michaela Khyrová que passou pouco por cima da baliza de Patrícia Morais (49′). A Seleção mostrava-se muito nervosa, sem capacidade para tomar as melhores decisões ou aplicar o melhor critério, e só se aproximou da baliza contrária ao fim de quase dez minutos e através de um pontapé de Diana Silva que Barbora Votíková encaixou (54′).
Francisco Neto fez a primeira substituição à passagem da hora de jogo, trocando Andreia Jacinto por Andreia Norton no meio-campo, e Portugal ia crescendo na partida, alcançando períodos de posse de bola mais prolongados e chegando com maior frequência ao último terço das checas. À entrada para o quarto de hora final, a superioridade materializou-se: Joana Marchão cobrou um livre perfeito na direita, com a bola a cair ao segundo poste e Diana Silva a encostar para recuperar a vantagem (76′).
Jéssica Silva e Dolores ainda entraram nos últimos minutos, as checas acertaram na trave nos descontos (90+2′), mas já nada mudou. Portugal segurou a vantagem, venceu a República Checa e carimbou a presença no Euro 2025, garantindo a terceira qualificação consecutiva para fases finais de grandes competições e também a terceira participação seguida em Campeonatos da Europa. No dia em que era preciso voltar à realeza, a Seleção Nacional contou com uma verdadeira princesa Diana.
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