Os dois jovens detidos, esta segunda-feira, por suspeitas de estarem envolvidos nos tumultos ocorridos na Área Metropolitana de Lisboa terão usado força física e utilizado armas brancas, para agredir e coagir motoristas de TVDE para lhes entregarem as viaturas.
Em comunicado, divulgado ao final da tarde desta segunda-feira, de balanço da operação “Ares”, que decorreu a partir das 07h00 nos concelhos de Oeiras e da Amadora, no distrito de Lisboa, a PSP adianta que os jovens, de 18 anos, são suspeitos de estarem envolvidos em crimes de roubo agravado, praticados durante os tumultos que ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa em outubro, na sequência da morte de Odair Moniz.
Tal como já tinha sido referido à Lusa ao início da tarde pelo comissário Thó Monteiro, da Polícia de Segurança Pública (PSP), esses crimes terão sido praticados nos bairros da Portela e dos Barronhos, em Carnaxide, no concelho de Oeiras.
Os suspeitos, lê-se no comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, “socorrendo-se da força física e de utilização de armas brancas”, terão agredido condutores TVDE, coagindo-os a “entregarem as suas viaturas, fazendo posteriormente uso das mesmas”.
Ainda segundo a PSP, um dos suspeitos terá estado até há relativamente pouco tempo preso preventivamente pela prática de crimes semelhantes.
O primeiro jovem a ser detido estava em casa, no concelho da Amadora, enquanto o outro foi detido mais tarde, pelas 11h00, na zona de Carnaxide, no concelho de Oeiras.
Na nota, a PSP recorda também que, no âmbito da operação “Ares” foram executados sete mandados de busca domiciliária e quatro mandados fora de flagrante delito, no âmbito de dois processos de investigação da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão Policial de Oeiras.
A operação envolveu agentes das equipas de Investigação Criminal e Intervenção Rápida e Trânsito e visou sete habitações: três no Bairro da Portela, em Carnaxide; um no Bairro dos Barronhos, também em Carnaxide; um no Bairro dos Navegadores, em Porto Salvo; um na Quinta da Formiga, em Algés; e um no concelho da Amadora.
Além do processo relativo aos crimes de roubo agravado praticados durante os tumultos que ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa, a operação teve também por base um processo em que estão envolvidos dois homens de 30 anos.
Neste segundo processo, um dos homens é suspeito de homicídio qualificado na forma tentada, roubo agravado e condução sem habilitação e foi detido na Quinta da Formiga, em Algés.
Na busca domiciliária efetuada foram apreendidas “duas armas, tipo pistola, que irão ser peritadas por parte do Núcleo de Armas e Explosivos da PSP, uma munição de calibre .12, uma parte essencial de uma arma de fogo tipo caçadeira, material para pesagem de produto estupefaciente, uma faca e várias notas num total de 360 euros”, segundo a PSP.
O outro homem é suspeito de “roubo agravado, com recurso a arma branca (faca), em conluio com o primeiro [suspeito]”, e foi detido no Bairro da Portela, em Carnaxide, tendo também sido apreendida cocaína e uma faca “ponta e mola”.
Estes dois suspeitos têm antecedentes criminais, de acordo com a PSP.
No comunicado, a PSP reitera que os quatro detidos serão agora presentes a primeiro interrogatório judicial, para aplicação das medidas de coação.
Ao início da tarde, o comissário Thó Monteiro indicou à Lusa que os detidos serão presentes a tribunal na terça-feira.
O cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois.
Durante várias noites registaram-se tumultos em vários bairros da Grande Lisboa após a morte de Odair Moniz.