A classificação da I Liga de futebol poderá estar condicionada por erros arbitrais, admitiu este domingo o treinador do FC Porto, Vítor Bruno, na véspera da receção ao Estrela da Amadora, da 14.ª jornada.

“Pode eventualmente haver esse sentimento, não só meu, mas de muita gente que vive o futebol. O que me incomoda é haver pessoas com critérios diferentes perante lances que possam ter alguma similitude. Não podemos dizer muita coisa, sob pena de sermos penalizados. Isso não tem a ver com falta de frontalidade, mas com um bocadinho de sabedoria, porque sabemos o que nos espera se dissermos tudo o que nos vai no coração”, atirou o técnico, em conferência de imprensa.

Na segunda-feira, dois dias depois do empate na visita ao Famalicão (1-1), da 13.ª ronda da prova, o FC Porto submeteu uma participação ao Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), visando as recentes atuações do ‘juiz’ Luís Godinho.

O lance mais polémico dessa partida aconteceu aos 73 minutos, quando o brasileiro Pepê cometeu uma grande penalidade a favor do Famalicão – posteriormente defendida por Diogo Costa – na jogada anterior ao golo do espanhol Samu, que poderia ter completado a reviravolta ‘azul e branca’, mas foi revertido através do videoárbitro (VAR).

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“O preço mais alto que se paga por se ser incongruente só o sente mesmo quem sofre dessa incongruência. É o que me apetece dizer neste momento, porque é demasiado evidente. É estranho e mau para o futebol português termos lances recentes que não caem bem a ninguém e nos quais há muita gente que fica mal na fotografia”, prosseguiu.

Vítor Bruno reafirmou as críticas manifestadas recentemente à arbitragem, numa altura em que o FC Porto só venceu uma das últimas três partidas para a I Liga e ocupa o terceiro lugar, com os mesmos 31 pontos do ‘vice’ Benfica (menos um jogo) e a cinco do líder isolado Sporting, que regressou aos triunfos na receção de sábado ao Boavista (3-2).

“Vai haver pressão durante o campeonato inteiro, sobretudo para quem está nas provas europeias. Muitas vezes, mesmo que controlemos o nosso jogo, aparece algo estranho que pode fazer com que não consigamos ganhar. Jogar antes ou depois dos adversários acontecerá com todos. A realidade é essa e temos de olhar muito para dentro”, avaliou.

Os ‘dragões’ vão regressar à ação quatro dias depois da receção vitoriosa ao campeão dinamarquês Midtjylland (2-0), na sexta jornada da fase de liga da Liga Europa, e querem entrar “muito atentos e autoritários” frente ao Estrela da Amadora, que ainda não ganhou fora para o campeonato e desafiará a invencibilidade caseira ‘azul e branca’ em 2024/25.

“O Estrela vem de uma vitória moralizadora [2-1 sobre o Arouca] e a circunstância de ter dado a volta ao resultado leva-o para patamares elevados de confiança. Muitas vezes, o tabu de não ter vencido fora serve para ser quebrado e é alimento motivacional”, referiu.

João Mário, Iván Marcano e Marko Grujic continuam lesionados e devem ficar ausentes das opções de Vítor Bruno, que confirmou haver “alguma celeuma” em torno do lateral esquerdo Wendell, ausente dos relvados há quase dois meses por opção técnica e associado nas últimas semanas ao interesse dos brasileiros do São Paulo.

“Não sei se tem vontade [de sair] ou se também lhe manifestaram o desejo de contar com ele num espaço diferente. O mês de janeiro é sempre muito agitado e vai pedir-nos um olhar criterioso na gestão do mercado. Vamos ver o que acontecerá. O Wendell tem sido um grande profissional e faz tudo de forma correta, mas tenho de tomar decisões e há gente que ocupa aquele espaço e que me tem dado totais garantias”, explicou.

O FC Porto, terceiro classificado, com 31 pontos, recebe o Estrela da Amadora, 13.º, com 12, na segunda-feira, às 20:15, no Estádio do Dragão, no Porto, em jogo da 14.ª jornada da I Liga, sob arbitragem de Miguel Nogueira, da Associação de Futebol de Lisboa.