O presidente do governo da Madeira, Miguel Albuquerque, defendeu esta segunda-feira que as autoridades devem começar a avaliar a hipótese de construir um segundo aeroporto na ilha, atendendo ao “crescimento exponencial das operações” aeroportuárias na região autónoma.
“Isto pode parecer uma ideia muito louca, mas não é. Tenerife [Canárias] fê-lo”, disse.
Defendendo que essa possibilidade deve ser considerada “para o futuro”, Miguel Albuquerque rejeitou tratar-se de uma “hipótese descabida”
“Não é uma hipótese descabida. É uma hipótese que deve ser considerada, tendo em vista a evolução da nossa sociedade”, salientou.
O líder do executivo social-democrata minoritário falava no Aeroporto Internacional da Madeira, onde decorreu a apresentação pública do novo sistema de deteção de ventos, designado MAD Winds, um investimento da NAV – Navegação Aérea de Portugal, orçado em 3,5 milhões de euros.
“Eu penso sempre fora da caixa — nunca me dei mal por causa disso — e acho que temos de começar a considerar, para o futuro — não é para mim —, planear com tempo um segundo aeroporto na Madeira”, insistiu.
O governante apontou a zona oeste da ilha como ideal para a construção de uma nova unidade aeroportuária, para manter toda a operação aérea na região sem cancelamentos e fazer face ao “crescimento exponencial das operações”.
Miguel Albuquerque considerou, por outro lado, que, devido ao aumento do número de “residentes estrangeiros de alto rendimento”, deve também ser ponderada a criação de uma “unidade para os jatos privados”.
A região autónoma dispõe atualmente de dois aeroportos, um na ilha da Madeira, outro na ilha do Porto Santo.
A operação no Aeroporto Internacional da Madeira, localizado no concelho de Santa Cruz, na zona leste da ilha, é frequentemente afetada pelas condições de vento, sendo que o novo sistema esta segunda-feira apresentado permite um conhecimento mais efetivo da situação em “muito curto prazo”.
O MADeira Winds (MAD Winds) é composto por um Radar Banda X, um sistema LIDAR e um sistema de processamento que analisa dados meteorológicos com alta precisão, oferendo um suporte essencial às decisões operacionais durante as fases mais críticas do voo, nomeadamente aproximação, aterragem e descolagem.
O MAD Winds inicia agora um período de pré-operação de um ano, durante o qual será avaliado e submetido a ajustes para otimizar o funcionamento face às características do Aeroporto da Madeira, o único no mundo cujos limites de vento são obrigatórios — 15 nós —, embora tenham sido impostos em 1964 e definidos com base em estudos que usaram um avião DC3 da II Guerra Mundial, quando a pista tinha 1.600 metros, sendo que atualmente tem 2.781.
De acordo com a NAV Portugal, cerca de 80% das divergências de voos motivadas atualmente pelo vento estão apenas até três nós acima dos limites impostos, pelo que o novo sistema é uma “ferramenta crucial” para uma avaliação mais precisa e potencialmente mais favorável à operação.