No último mês, vários drones têm sido avistados sobre os céus do estado norte-americano de Nova Jérsia, nos Estados Unidos, gerando um clima de especulação sobre a sua origem. O FBI e a Casa Branca garantem que não há indicações de que as aeronaves sejam um risco de segurança, mas o governador do estado, Phil Murphy, pediu ao Presidente Joe Biden que alocasse mais recursos a investigar o caso.

Os primeiros relatos sobre luzes brilhantes a voar no céu de Nova Jérsia surgiram em meados de novembro, escreve o diário norte-americano The New York Times. Inicialmente, os drones foram avistados ao longo do rio Raritan, a cerca de 80 quilómetros a oeste da cidade de Nova Iorque, mas entretanto espalharam-se por toda a região. Só que, um mês depois, permanece o mistério em torno dos objetos voadores.

As autoridades americanas não têm conseguido dar dar respostas definitivas, dizendo apenas que os objetos não representam um perigo para o público ou para a segurança nacional. Foi o sublinhado pelo FBI e o departamento de Segurança Nacional numa declaração conjunta esta quinta-feira. “Não há provas, nesta altura, de que os drones avistados representem uma ameaça à segurança nacional ou à segurança pública ou que tenham uma ligação com o estrangeiro”, pode ler-se no texto. “Historicamente, temos vivenciado casos de equívocos, onde os drones relatados são, na verdade, aeronaves tripuladas”, dizem ainda, em comunicado. “Não há relatos ou confirmações de avistamentos de drones em qualquer espaço aéreo restrito.”

Também na quinta-feira, o porta-voz da Casa Branca para a Segurança Nacional, John Kirby, afirmou aos jornalistas que as autoridades federais tinham realizado uma “análise minuciosa” das imagens e vídeos e que estavam a utilizar “tecnologias de deteção eletrónica muito sofisticadas” para tentar determinar o que eram os objetos. Dias depois, o senador de Nova Jérsei, Andy Kim, afirmava numa publicação no X que muitos dos avistamentos de drones relatados eram “quase de certeza aviões”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Penso que houve uma reação ligeiramente exagerada”, afirmou um funcionário do FBI, citado por meios norte-americanos, como a CNN. Tanto as autoridades federais como as estaduais não acreditam que os drones sejam perigosos ou representem uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

Ainda assim, o governador do Estado de Nova Jérsia, Phill Murphy, pediu ao Presidente Joe Biden que dedicasse mais recursos para a investigação sobre a origem destas aeronaves. “Uma vez que as leis existentes limitam a capacidade das autoridades estaduais e locais de combater os UAS (Unmanned aerial vehicle — veículo aéreo não tripulado), são necessários mais recursos federais para compreender o que está por trás desta atividade”, escreveu na rede social X.

Mas as garantias das autoridades estatais e federais de que os avistamentos não configuram uma ameaça para os residentes pouco fizeram para acalmar as preocupações do público. Durante as últimas semanas, também os cidadãos dos Estados de Nova Iorque, Pensilvânia e Connecticut relataram situações semelhantes às dos habitantes de Nova Jérsia. Em redes sociais como o Facebook e o Reddit há milhares de mensagens relativas a avistamentos do género. Só um grupo do Facebook tem dezenas de milhares de membros que partilham vídeos e trocam teorias, relata o New York Times.

“Não creio que o governo federal tenha levado o assunto a sério até à data”, criticou o presidente da câmara de Middletown, Tony Perry, à CNN. “Como é que alguém pode ficar sentado e dizer que não há uma ameaça iminente?”, acusou o republicano.

Citando fontes anónimas, o congressista Jeff Van Drew, também do Partido Republicano, disse em declarações à Fox News que os drones vinham de uma base móvel iraniana sediada na costa Leste dos Estados Unidos. O Pentágono não tardou a rejeitar liminarmente as alegações. “Não há nenhuma verdade nisso”, disse a porta-voz Sabrina Singh, citada pela CNN. “Não há nenhum navio iraniano na costa dos Estados Unidos, e não há nenhuma base aérea móvel a lançar drones em direção aos Estados Unidos”, acrescentou.