O antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu esta terça-feira que a Europa deve investir na sua própria Defesa e referiu que a reeleição de Donald Trump nos EUA pode constituir o incentivo que faltava.

A Europa “tem de investir na sua própria Defesa, tem de ter uma certa autonomia, no âmbito da NATO, com certeza, mas sem estar sempre a queixar-se dos outros”, afirmou José Manuel Durão Barroso, à margem do Fórum EuroAméricas, que decorre esta terça-feira em Carcavelos, Cascais.

Para Durão Barroso, que liderou a Comissão Europeia durante uma década (2004-2014), “a melhor forma de evitar uma guerra é estar preparado para ela e não dar qualquer espécie de hipótese àqueles que são os adversários de pensarem que podem aproveitar uma situação de fraqueza”, afirmou, sublinhando “deseja ardentemente a paz”.

“Eu quero a paz, acho que é fundamental. Não quero pensar, sequer por um momento, que os meus netos podem ter de estar em guerras na Europa, eu pensava que não havia mais guerras na Europa”, garantiu.

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Embora reconhecendo que já existe uma guerra no continente — a da Ucrânia com a Rússia, lembrou que não inclui membros da União Europeia ou da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organizações das quais Portugal faz parte.

E “se o querermos, temos de estar preparados para desincentivar qualquer potencial agressor. É por isso que precisamos de uma Defesa forte. Para garantir e proteger a paz”, argumentou.

Para Durão Barroso, que também assumiu funções de primeiro-ministro em Portugal (entre 2002 e 2004) e é atualmente presidente do Fórum EuroAméricas, a vitória nas eleições presidenciais norte-americanas de Donald Trump, abre uma hipótese para a Europa se decidir a apostar mais na sua Defesa.

“Abre a hipótese de a Europa perceber que, em vez de se estar a queixar daquilo que os outros fazem ou não fazem, tem de fazer o seu próprio trabalho de casa, tem de investir na sua própria Defesa, tem de ter uma certa autonomia”, afirmou.

A Europa “tem de entender que é defendendo os seus interesses que pode também afirmar os seus valores”, concluiu.