A semana começou da melhor forma para o Real Madrid. Depois de mais um dissabor na LaLiga, com um empate em casa do rival Rayo Vallecano (3-3) que relançou ainda mais o Campeonato, os espanhóis rumaram ao Médio Oriente e destacaram-se na cerimónia anual de prémios da FIFA. Vinicius Jr. foi eleito o melhor jogador do mundo, Carlo Ancelotti conquistou o prémio de melhor treinador e os merengues colocaram ainda cinco jogadores no onze do ano — Carvajal, Rüdiger, Bellingham, Kroos e o internacional brasileiro —, numa cerimónia que serviçou como uma espécie de redenção face ao que tinha acontecido na Bola de Ouro, há mês e meio.

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A passagem do Real Madrid pelo Qatar não foi apenas para marcar presença na gala do The Best. Com o estatuto de campeão europeu em título, os merengues voltaram a disputar a Taça Intercontinental, que mudou de nome depois da reformulação do Mundial de Clubes e continua a ser disputada todos os anos, no mês de dezembro. Curiosamente, a última edição tinha sido conquistado pelo FC Porto que, em 2004, derrotou o Once Caldas nos penáltis e conquistou o troféu pela segunda vez. Agora, os espanhóis entravam em campo à procura de conquistar a Intercontinental pela quarta vez, ao passo que os mexicanos do Pachuca queriam vencer o troféu pela primeira vez.

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Ainda assim, o percurso das duas equipas tinha sido bastante distinto. Com a reformulação da prova, o campeão europeu passou a ter vaga direta na final, embora os jogos anteriores também fossem denominados de “final” e tivessem um troféu em discussão. E foi precisamente desde aí que chegou o Pachuca, que começou a prova a vencer o Botafogo, no Dérbi das Américas (0-3). Seguiu-se a partida frente ao Al Ahly e novo triunfo, desta feita nos penáltis (0-0, 6-5 g.p.), na Taça Challenger. Todos os jogos aconteceram num espaço de sete dias, pelo que o cansaço podia fazer-se sentir no conjunto do México.

Com os dados lançados, Ancelotti não foi de modas e lançou Mbappé no ataque, no regresso do internacional francês ao palco (Lusail) onde perdeu o Campeonato do Mundo para a Argentina, há precisamente dois anos. Assim, o avançado atuou no tridente composto por Vinicius e Rodrygo, ao passo que Tchouameni continuou no centro da defesa, ao lado de Rüdiger. Já o campeão norte-americano apostaram em Oussama Idrissi, antigo jogador do Sevilha, e Rondón, que se tornou no primeiro venezuelano a disputar a final da Taça Intercontinental, no ataque.

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Com o início da partida saltou à vista a pouca presença de camisolas dos dois clubes, bem como o silêncio arrebatador que tomou conta do Estádio Lusail. Afinal, eram cinco mil e 14 mil os quilómetros que separavam, respetivamente, Madrid e Pachuca de Soto de Lusail. Como seria de esperar, os espanhóis assumiram o controlo da partida desde o início, mas tiveram dificuldades para contrariar uma formação mexicana pressionante e com vontade de marcar. Contudo, foi através do trio Bellingham-Vini-Mbappé que os merengues chegaram ao intervalo da vantagem, com o francês a faturar depois de um grande lance individual do novo The Best (37′).

Na segunda metade, as equipas regressaram ao relvado sem novidades e o Pachuco regressou mais ofensivo, ficando perto do empate logo no início, quando o remate de Deossa desviou em Fran García e saiu para canto (52′). Na resposta, Mbappé deixou em Rodrygo à entrada da área do Pachuca, o brasileiro trabalhou bem a jogada, puxou para o pé direito e desferiu um remate em arco para o segundo golo merengue (53′). Já com Brahim Díaz e Ceballos em campo por trocas com Mbappé e Camavinga, os mexicanos voltaram a tentar, desta feita de livre, mas Courtois conseguiu parar o remate forte de Rondón (67′).

O avançado venezuelano continuou a tentar a marcar e, pouco depois, ganhou na alturas em boa posição, mas o cabeceamento saiu ligeiramente por cima (71′). Já na parte final, Lucas Vázquez caiu dentro da área num lance com Idrissi e, depois de ver as imagens, o árbitro assinalou a grande penalidade. Na cobrança, Vini Jr. atirou forte para o meio, Carlos Moreno adivinhou e ainda tentou defender, mas a bola acabou mesmo dentro da baliza (84′). Fechada a vitória, o Real Madrid levantou o troféu pela quarta vez, repetindo as conquistas de 1960, 1998 e 2002.