A presidente do Parlamento Europeu destacou esta quinta-feira a “vontade de trabalhar em conjunto” do novo presidente do Conselho Europeu, que se estreia com novo método de trabalho, apontando que essa predisposição “nem sempre foi demonstrada nos últimos anos”.

“Tenho vindo a muitos, muitos Conselhos [Europeus] e devo dizer que começámos a tempo e horas e esse é um mérito que atribuo ao novo presidente do Conselho Europeu [António Costa] pois não é fácil trazer todos os primeiros-ministros ao mesmo tempo para a sala. E é também uma atitude que demonstra vontade de trabalhar em conjunto, à volta da mesma mesa, nomeadamente para a coerência e a unidade de que tanto precisamos”, declarou Roberta Metsola, esta manhã em Bruxelas.

Respondendo a uma questão da Lusa em conferência de imprensa após ter participado no arranque da reunião de alto nível dos chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), o primeiro Conselho Europeu presidido por António Costa, a líder da assembleia europeia admitiu: “Sejamos honestos, nem sempre foi demonstrado nos últimos anos”.

O Conselho Europeu foi presidido pelo belga Charles Michel entre 2019 e até agora. No passado dia 1 de dezembro, António Costa começou o seu mandato de dois anos e meio à frente do Conselho Europeu, sendo o primeiro socialista e o primeiro português neste cargo.

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As conclusões escritas deste primeiro Conselho Europeu de Costa foram aprovadas logo na manhã de quarta-feira, sendo que a última vez em que um texto foi acordado na íntegra na véspera foi em 2012.

“Atualmente é muito raro vermos que as conclusões do Conselho já foram acordadas, isso significa também que os líderes poderão concentrar-se” noutras questões, comentou Roberta Metsola.

Para a líder do colegislador comunitário, o envolvimento do Parlamento Europeu no processo de decisão da UE “exige personalidades como António Costa”, dizendo aguardar “trocas regulares” entre ambas as instituições.

“Congratulamo-nos com o facto de tanto o presidente do Conselho Europeu como a Alta Representante [Kaja Kallas] serem antigos deputados do Parlamento Europeu e terem demonstrado um empenho incrível, já nas primeiras semanas das suas funções, em trabalhar connosco”, adiantou Roberta Metsola.

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O primeiro Conselho Europeu presidido pelo novo presidente da instituição, António Costa, já começou, reforçando o apoio à Ucrânia face à invasão russa e introduzindo um novo formato de um dia e menos conclusões escritas para maior eficiência.

Apesar de não se esperarem novos anúncios para a Ucrânia, este primeiro Conselho Europeu de António Costa traz como novidade o método de trabalho dos líderes da UE, que após receberem Volodymyr Zelensky se vão concentrar em temas como as migrações, o papel da UE no mundo e noutras tensões geopolíticas, como no Médio Oriente, mas apenas num dia em vez dos até agora habituais dois.

Defendendo reuniões mais eficazes, o antigo primeiro-ministro português vai introduzir o formato de apenas um dia de cimeira europeia, evitando também conclusões escritas sobre temas ainda muito divisórios entre os chefes de Governo e de Estado da UE, como a relação com os Estados Unidos e o papel do bloco comunitário face ao contexto geopolítico mundial, que serão antes abordados em debates estratégicos.

Em cima da mesa estão discussões de alto nível sobre a Ucrânia, o papel da UE no mundo, a aposta em preparação militar, as migrações, a situação no Médio Oriente e as tensões na Geórgia e na Moldova.

Será ainda discutida a proposta de António Costa para que a sua liderança e a instituição que junta os líderes europeus sejam escrutinadas pelo novo Órgão Interinstitucional de Ética da UE.