O Presidente da Ucrânia participa esta quinta-feira em Bruxelas no primeiro Conselho Europeu presidido pelo novo líder da instituição, António Costa, cimeira que inaugura um novo formato de um dia, para ser mais eficaz, e que terá menos conclusões escritas.

Depois de, a 1 de dezembro, ter passado o primeiro dia do seu mandato em Kiev para garantir o apoio da União Europeia (UE) à Ucrânia face à invasão russa, e de nessa altura ter convidado Volodymyr Zelensky para se deslocar a Bruxelas, António Costa preside esta quinta-feira o seu primeiro Conselho Europeu.

Nesta reunião de alto nível dos líderes europeus, que surge um dia após a sua primeira cimeira europeia entre a UE e os Balcãs Ocidentais, a ideia é “Enviar uma mensagem unida e inequívoca de apoio à Ucrânia, em prol de uma paz abrangente, justa e duradoura”, segundo a carta-convite enviada por António Costa aos chefes de Governo e de Estado dos 27 países que integram o bloco europeu.

Numa altura de impasse na guerra na Ucrânia, e antes de o Presidente eleito norte-americano Donald Trump tomar posse em janeiro, António Costa quer a UE a “fazer tudo o que for preciso para que a invasão russa seja derrotada e o direito internacional prevaleça”, razão pela qual convidou Zelensky, de quem espera ouvir “Opiniões sobre a melhor forma de a Europa apoiar a Ucrânia”, ainda de acordo com a missiva.

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Num momento em que a UE e os seus Estados-membros já avançaram com cerca de 125 mil milhões de euros de apoio à Ucrânia, para o país manter os seus principais setores de atividade, mas também para se defender da Rússia, o objetivo do apoio comunitário é que Kiev fique numa posição mais forte face a Moscovo para, assim, conseguir negociar a paz.

Para 2025, está previsto um apoio financeiro de mais de 30 mil milhões de euros (12,5 mil milhões de euros do Mecanismo de Apoio à Ucrânia e de 18,1 mil milhões de euros dos empréstimos extraordinários), além do apoio de cerca de 30 mil milhões de euros já concedido até à data.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Volodymyr Zelensky chegou na quarta-feira a Bruxelas para participar numa reunião com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e com vários líderes europeus.

Apesar de não se esperarem novos anúncios para a Ucrânia, este primeiro Conselho Europeu de António Costa traz como novidade o método de trabalho dos líderes da UE, que após receberem Volodymyr Zelensky se vão concentrar em temas como as migrações, o papel da UE no mundo e noutras tensões geopolíticas, como no Médio Oriente.

Defendendo reuniões mais eficazes, o antigo primeiro-ministro português vai introduzir o formato de apenas um dia de cimeira europeia, evitando também conclusões escritas sobre temas ainda muito divisórios entre os chefes de Governo e de Estado da UE, como a relação com os Estados Unidos e o papel do bloco comunitário face ao contexto geopolítico mundial, que serão antes abordados em debates estratégicos.

Salientando a eficácia da preparação deste Conselho Europeu, fontes europeias ouvidas pela Lusa indicaram que as conclusões escritas foram aprovadas já na manhã de quarta-feira, sendo que a última vez em que um texto foi aprovado na íntegra na véspera foi em 2012.

No passado dia 1 de dezembro, António Costa começou o seu mandato de dois anos e meio à frente do Conselho Europeu, sendo o primeiro socialista e o primeiro português neste cargo.

O Conselho Europeu arranca pelas 10h30 (hora local, menos uma hora em Lisboa) e em cima da mesa estão discussões de alto nível sobre a Ucrânia, o papel da UE no mundo, a aposta em preparação militar, as migrações, a situação no Médio Oriente e as tensões na Geórgia e na Moldova.

Será, ainda, discutida a proposta de António Costa para que a sua liderança e a instituição que junta os líderes europeus sejam escrutinadas pelo novo Órgão Interinstitucional de Ética da UE.