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Chama-se Taleb A., tem 50 anos e é médico. É a descrição em traços gerais do homem, natural da Arábia Saudita, que no final da tarde desta sexta-feira foi detido por atropelar uma multidão numa feira de Natal em Magdeburgo, na Alemanha. Aa pegada digital que deixou para trás, e que foi horas mais tarde partilhada pela imprensa alemã, revela que é simpatizante do partido de extrema-direita AfD, fã de Elon Musk e que se diz ativista pela defesa das “mulheres sauditas requerentes de asilo que a Alemanha quer destruir”.

O primeiro-ministro da Saxónia-Anhalt, Rainer Haseloff, revelou que o suspeito do crime, que vitimou mortalmente pelo menos duas pessoas, uma delas criança, é um psiquiatra que trabalha na região e terá entrado na Alemanha em 2006. Foi reconhecido como refugiado em julho de 2016 e detinha atualmente a residência permanente.

As autoridades revelaram, ainda, que o homem, detido enquanto fazia marcha-atrás com o BMW após atropelar dezenas de pessoas reunidas na feira de Natal, não estava referenciado pelas autoridades. O jornal regional Mitteldeutsche Zeitung, avançou que a polícia efetuou buscas na casa do atacante, em Bernburg.

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Uma entrevista com cinco dias sobre ativismo na “defesa de ex-muçulmanos”

Como revelado pela imprensa alemã, o homem suspeito do atropelamento mortal foi entrevistado há poucos dias por um site dedicado à partilha de conteúdo centrado na defesa dos “valores judaico-cristãos”. Na entrevista, o árabe é descrito enquanto ativista. “O seu ativismo começou em 2016, quando uma mulher saudita o contactou no Twitter [ndr: agora X], procurando desesperadamente ajuda para escapar à perseguição islâmica“, refere-se na apresentação.

“O Dr. Taleb rapidamente deu por si a ajudar refugiados genuínos e requerentes de asilo, principalmente ex-muçulmanos, da Arábia Saudita e não só – incluindo casos chocantes em países ocidentais como o Canadá”, acrescenta-se.

Na entrevista ao RAIR Foundation USA, o médico defende que a Alemanha criou uma agenda de acordo com a qual os “jihadistas islâmicos” que “chegam à Alemanha sob o pretexto de procurar asilo são recebidos de braços abertos, muitas vezes sem qualquer controlo ou análise séria”. “É dada uma prioridade desproporcionada a estes migrantes, independentemente do seu alinhamento com o terrorismo islâmico ou do seu impacto nas sociedades ocidentais”, garantiu Taleb A.

Já os ex-muçulmanos, segundo ele, “aqueles que corajosamente rejeitaram a opressão da Sharia” são colocados de lado. “Os seus pedidos de asilo são indeferidos e as suas vidas voltam a estar em perigo. Estes indivíduos, já ostracizados e perseguidos nos seus países de origem, enfrentam um novo ataque às suas liberdades na Europa, um lugar que acreditavam ser um santuário”, defendeu.

A revista alemã Der Spiegel analisou as contas de redes sociais que se pensam ser do alegado atacante. Taleb A. que tem um historial de presença online extenso, mostra-se nas publicações como simpatizante da AfD, o partido de extrema-direita alemão. Há oito anos, escreveu no Twitter que queria iniciar um projeto com o partido: uma academia para ex-muçulmanos.

Além disso, também fez comentários de apoio a Elon Musk, ao ativista de extrema-direita anti-imigração Tommy Robinson e ao teórico da conspiração Alex Jones.

Na pagina do X que alegadamente lhe pertence, Taleb A. apresenta-se como “opositor militar saudita” e refere que “a Alemanha persegue as mulheres sauditas requerentes de asilo, dentro e fora da Alemanha, para destruir as suas vidas”. Acrescenta que a “Alemanha quer islamizar a Europa”. Na foto de capa da página figura uma AR-15, a arma de fogo associada a muitos dos tiroteios nos EUA.

Em junho deste ano, o suspeito terá feito uma repartilha na mesma rede social da líder do partido, Alice Weidel, escrevendo a acompanhar: “A esquerda é louca. Precisamos da AfD para proteger a polícia deles próprios.” Também terá divulgado posts da ativista de extrema direita afiliada à AfD, Naomi Seibt, com a seguinte citação em inglês: “A tirania é baseada na docilidade dos covardes. Eu escolho ser corajoso”.

Além disso, foi republicada uma montagem fotográfica em que a ex-chanceler Angela Merkel segura nas mãos uma placa com a inscrição “Eu destruí a Europa”.

Nas redes sociais, circula uma suposta imagem do atacante, bem como um vídeo do momento em que este é detido pela polícia alemã.

A polícia de Magdeburgo isolou o local porque havia suspeitas de um explosivo no carro, mas a análise ao local desmentiu essa hipótese. As autoridades chegaram a admitir que o atacante podia não ter agido sozinho, o que foi posteriormente descartado. O carro com que o autor do crime se dirigiu para a multidão, “pelo menos 400 metros adentro do mercado de Natal”, foi alugado.