A declaração do líder do Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente (IIIM, na sigla em inglês), Robert Petit, surgiu na segunda-feira, após uma visita à capital síria, Damasco, a primeira desde que a equipa foi criada pela Assembleia Geral da ONU, em 2016.

O IIIM foi criado para ajudar na recolha de provas e na acusação de indivíduos responsáveis por possíveis crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio desde o início da guerra civil na Síria, em 2011.

Petit destacou a urgência de preservar documentos e outras provas antes que se percam.

“A queda do governo de Assad é uma oportunidade significativa para cumprirmos o nosso mandato no terreno”, disse o líder do IIIM.

“O tempo está a esgotar-se. Existe uma pequena janela de oportunidade para proteger estes locais e o material que contêm”, acrescentou Petit, numa referência às prisões de centros de detenção do regime sírio.

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Uma porta-voz da ONU, Stephanie Tremblay, disse na segunda-feira que a equipa de investigação “está a preparar-se para uma implantação operacional o mais cedo possível e assim que for autorizada a conduzir atividades em solo sírio”.

“As montanhas de documentação governamental revelam a assustadora eficiência da sistematização dos crimes atrozes do regime”, lamentou Robert Petit.

O dirigente disse que será necessário um esforço coletivo dos sírios, das organizações da sociedade civil e dos parceiros internacionais para, como prioridade, “preservar as provas dos crimes cometidos, evitar a duplicação e garantir que todas as vítimas são representadas de forma inclusiva na procura da justiça”.

Também na segunda-feira, três organizações não-governamentais apelaram ao novo governo sírio para que tome medidas para preservar as provas das atrocidades do regime de Assad.

Estas provas, essenciais para determinar o destino de dezenas de milhares de pessoas desaparecidas e processar os autores dos abusos, incluem documentos governamentais, arquivos dos serviços de informação e locais de valas comuns.

A “Associação de Detidos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya” (ADMSP), a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional consideraram que as autoridades sírias de transição “devem tomar medidas urgentes para assegurar e preservar as provas das atrocidades cometidas durante o governo do antigo Presidente”.

A prisão de Saydnaya, palco de numerosas execuções extrajudiciais, torturas e desaparecimentos forçados, é o exemplo das atrocidades cometidas pelo regime de Assad contra os opositores.