O secretário-geral do PS acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro de “inventar problemas imaginários” em vez de resolver os reais, dizendo que o Governo criou “falsas expectativas e fracassou” em áreas como a saúde ou educação.

Numa publicação na rede social X (antigo Twitter), Pedro Nuno Santos desafia o primeiro-ministro a encontrar “soluções e assumir a responsabilidade de governar”.

Com uma imagem de vários títulos de notícias, o líder socialista começa por fazer um balanço sobre esta sexta-feira: “27 dezembro de 2024: 11 Serviços de urgência fechados em todo o país; linha SNS manda doentes para urgências fechadas; preços da habitação a acelerar e a bater máximos; ano letivo quase a recomeçar com milhares de alunos ainda sem professor; crianças mais pobres sem acesso ao pré-escolar”.

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“O governo criou falsas expetativas e fracassou. Temos ouvido o governo e o primeiro-ministro a falar destes problemas e de como lhes responder? Não: sem soluções nem capacidade, a única preocupação do governo e do primeiro-ministro é hoje a de promover a divisão entre as pessoas e criar cortinas de fumo para desviar a atenção das reais prioridades das famílias”, critica.

Sem nunca se referir ao tema da segurança, ao qual o primeiro-ministro voltou esta sexta-feira, Pedro Nuno Santos deixa um desafio a Luís Montenegro: “Resolva problemas reais, em vez de inventar problemas imaginários”.

“Encontre soluções e assuma a responsabilidade de governar. Está quase a fazer um ano de governação, já não vale o truque de culpar o passado, até porque não está tudo na mesma, algumas coisas estão mesmo pior”, acrescenta.

O primeiro-ministro disse esta sexta-feira ter ficado “atónito e perplexo” com as reações ao que classificou de “esforço do Estado em garantir a tranquilidade das pessoas, uma prevenção de condutas criminais e uma plena integração” dos imigrantes.

Na tomada de posse dos secretários-gerais do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) e do Sistema de Segurança Interna (SSI), Luís Montenegro respondeu às críticas da oposição sobre a operação policial da semana passada no Martim Moniz.

O chefe do Governo defendeu que “não há em Portugal nenhuma ação policial dirigida a uma comunidade específica”, dizendo que foram fiscalizadas nessa operação pessoas de várias nacionalidades incluindo portugueses, e afirmou que o executivo “não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança”.

Montenegro “atónito” e “muito perplexo” com algumas reações ao “esforço” do Governo na área da segurança

“Acho absolutamente impróprio que se possa considerar ações de natureza preventiva, de natureza policial, em contextos localizados, onde há histórico recente de prática reiterada de crime, como uma expressão de governação extremista”, disse, numa resposta implícita à crítica do secretário-geral do PS, que falou no Governo “mais extremista das últimas décadas”.

Uma operação policial no dia 19 de dezembro, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4 mil euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.