Ouvir Cristiano Ronaldo sobre a Bola de Ouro não é propriamente ouvir um jogador qualquer. Ouvir Cristiano Ronaldo sobre a Bola de Ouro é ouvir alguém que tem cinco exemplares em casa, para além de outros sete pódios, e que partilhou com Lionel Messi o total e absoluto favoritismo à conquista do troféu ao longo de quase duas décadas. Por isso, quando Cristiano Ronaldo quis falar sobre a Bola de Ouro, o mundo ouviu.

Nos últimos dias do ano, aproveitando a gala dos Globe Soccer Awards no Dubai, o capitão da Seleção Nacional comentou a recente e polémica vitória de Rodri, que ganhou a Bola de Ouro depois de semanas em que o triunfo de Vinícius Júnior parecia uma certeza — e motivando um boicote do Real Madrid, que não enviou qualquer representante à gala da France Football.

“Na minha opinião, ele merecia ter vencido a Bola de Ouro. Foi injusto e digo isso em frente a toda a gente. Deram ao Rodri, que também merecia, mas o Vinícius ganhou a Liga dos Campeões e até marcou na final”, atirou Ronaldo, no palco, numa gala em que recebeu as distinções de melhor marcador de sempre e melhor jogador a atuar no Médio Oriente. “As outras questões para mim não são importantes, é importante dar a quem merece. É por isso que gosto dos Globe Soccer Awards, dão prémios de forma justa”, acrescentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ora, como se sabe, Vinícius ficou atrás de Rodri na Bola de Ouro, que é atribuída com muito suporte nos votos dos jornalistas de cada país, mas ganhou o The Best da FIFA, que também conta com a opinião dos capitães e selecionadores. Em Espanha, as palavras de Cristiano Ronaldo até foram mais interpretadas como uma demonstração de apoio ao Real Madrid e a Florentino Pérez do que propriamente um ataque a Rodri — mas o internacional espanhol não esperou muito até responder. 

Nem Vini nem Carvajal, palavras de Seedorf, duas listas e a única pessoa que sabia: os bastidores do boicote do Real à gala da Bola de Ouro

“A verdade é que foi uma surpresa”, começou por dizer o jogador do Manchester City, em entrevista ao jornal AS, garantindo que não estava à espera da opinião de Cristiano Ronaldo. “Até porque ele, melhor do que ninguém, sabe como funciona este prémio. Acima de tudo, como se escolhe o vencedor. Este ano os jornalistas votaram e consideraram que eu devia ganhar. Provavelmente, foram os mesmos jornalistas que, em algum momento, votaram nele. E imagino que, nessa altura, ele estivesse de acordo com a votação”, sublinhou Rodri, que continua a recuperar de uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho.

Na mesma entrevista, para além de deixar a ideia de que pretende voltar aos relvados ainda na atual temporada, o médio de 28 anos reconhece que a Bola de Ouro lhe “mudou a vida”. “Talvez nem tivesse essa consciência quando ganhei. A magnitude de sair à rua não é a mesma. Podia fazer muitas coisas que agora já não posso. Mas bem, é por uma boa razão, é por esse reconhecimento que tive e que foi tão importante para mim e para a minha família. É um momento inesquecível”, explicou.

A residência universitária, o Opel Corsa e as chamadas “sem filtro” para a namorada. Rodri, o novo Bola de Ouro

[Já saiu o terceiro episódio de “A Caça ao Estripador de Lisboa”, o novo Podcast Plus do Observador que conta a conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história de pistas falsas, escutas surpreendentes e armadilhas perigosas. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio.]

estripador foto link