A reputação da BYD no Brasil (e no mundo) sofreu um certo revés devido à polémica em torno da construção da sua primeira fábrica no Brasil. Às primeiras denúncias de operários a trabalhar como escravos, o maior construtor automóvel chinês reagiu negando o abuso e, depois, o desconhecimento da situação. Mas a intervenção do Ministério da Justiça brasileiro tornou incontestável o abuso, o que levou a BYD a anunciar o corte de relações com a empresa de construção civil que contratou, o que não impediu o Governo brasileiro de, na dúvida, suspender os vistos de trabalho aos operários chineses da construção e não atribuir mais vistos à BYD.
BYD corta relação com empresa que tinha chineses em “trabalho forçado” no Brasil
A BYD decidiu construir a sua primeira fábrica no Brasil, para a qual usufruiu de uma série de incentivos do país liderado pelo Presidente Lula da Silva, com o construtor chinês a adjudicar a obra à Jin Jiang, uma empresa estatal igualmente chinesa, controlada pela município de Xangai e dedicada sobretudo à construção e à exploração de instalações turísticas. Soube-se depois, através da Reuters, que uma fonte anónima denunciou o recurso a trabalho escravo — para mais de trabalhadores chineses “importados” especificamente para a obra — como o segredo para os baixos preços do construtor civil que, ainda assim e apesar das evidências, continua a negar a exploração dos seus funcionários.
Face à notícia de esclavagismo na construção da fábrica da BYD, as autoridades brasileiras viram-se forçadas a intervir e a investigar a denúncia. Verificaram que os 163 operários estavam alojados em condições sub-humanas, em dormitórios sem espaço e sem camas ou colchões, sem locais para cozinhas e com apenas uma casa de banho para 31 empregados. Além disso, 107 deles viram a sua documentação retida pelo construtor, tal como 60% do vencimento que lhes era devido. Para cúmulo, foi ainda descoberta comida armazenada em recipientes abertos e sem refrigeração, exposta à poeira e à sujidade do local, preparada para alimentar os operários no dia seguinte.
A construir nos arredores de Salvador da Bahia, esta fábrica da BYD será fruto de um investimento de 600 milhões de euros e produzirá 150.000 veículos por ano, destinados a suprir as necessidades dos países da América Latina, de que o Brasil é o principal mercado. Após reunião com o Ministério do Trabalho brasileiro, a BYD e a Jin Jiang comprometeram-se a retirar os operários da fábrica e a alojá-los em hotéis até final do contrato, tendo a China sido informada da situação através da embaixada do Brasil em Pequim.