Quando ganha, quer melhorar aquilo que não correu tão bem e raramente se mostra muito satisfeito. Quando perde, agarra-se ao que foi bem feito para mudar o resto mas não esconde a frustração. Sérgio Conceição tem essa imagem mais temperamental de treinador que vive qualquer jogo como se fosse uma final, quase numa extensão do que acontecia no período de jogador. Agora, em Riade, era mesmo disso que se tratava e a imprensa transalpina foi recordar o cumprimento frio entre o português e Simone Inzaghi quando o Inter foi ao Dragão empatar sem golos para seguir para os quartos da Champions de 2022/23. “Vamos certamente apertar as mãos. São episódios que acontecem, não houve desrespeito. Somos homens do futebol, gostamos uns dos outros. Seremos amigos antes e depois do jogo. Durante, somos adversários”, frisou na antecâmara.
Depois da vitória com reviravolta diante da Juventus por 2-1 nas meias-finais, Sérgio Conceição chegava à primeira decisão no comando do AC Milan com um par de treinos (e uma gripe pelo meio) e a ter pela frente o rival Inter, a equipa que a par da Atalanta está mais rotinada entre esquema tático, ideia de jogo e técnico em Itália. Se com a Vecchia Signora o favoritismo era mais repartido, o duelo contra o antigo companheiro de equipa na Lazio, onde foram campeão em 1999/00, pendia no plano teórico para os nerazzurri apesar dos elogios de outro dos vencedores do scudetto em Roma no final do século, Dario Marcolin.
Coach Conceição ahead of the #Supercoppa final ????️
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“Espero uma final excitante, completamente em aberto e equilibrada. Será apenas o primeiro de vários dérbis entre Inzaghi e Conceição. O Sérgio é um treinador prático, que não faz revoluções. É daqueles que pode iniciar um ciclo, vimo-lo no FC Porto. Simone é… Simone, um vencedor que já iniciou o seu ciclo no Inter há algum tempo. O título poderá ser ‘Um assunto de família’ porque em termos de futebol, Simone e Sérgio são filhos do mesmo pai. A partir de [Sven-Goran] Eriksson, Inzaghi herdou a gestão de grupo, com grandes campeões a estarem todos envolvidos. No Inter não há jogadores insatisfeitos, tal como na nossa Lázio. Sobre Conceição, apontaria à importância dos extremos no 1×1: são fundamentais no seu futebol, tal como ele e Nedved eram para Eriksson. O Sérgio é um homem de poucas palavras, direto e transfere o seu caráter para as equipas que treina. O seu FC Porto era sólido e vertical e o AC Milan irá provavelmente tornar-se assim. É disso que precisa neste momento”, comentou o antigo médio à Gazzetta dello Sport.
Um grande homem que tanto deu ao futebol. Descansa em paz, Mister! pic.twitter.com/qEHsamxRe5
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“Até aos 70 minutos, não houve quase jogo mas não fiquei surpreendido. O AC Milan tem qualidades importantes no plantel e está vivo, que é o fator mais importante para Conceição. O Sérgio é um bom amigo, um homem especial e divertido. Ele quer velocidade, ritmo, intensidade e ligação à causa. Exige o melhor dos seus jogadores e não dá descontos a quem não dá tudo o que tem”, acrescentou o antigo avançado Cristian Vieri, outro internacional transalpino que foi companheiro do treinador na Lazio, tal como Simone Inzaghi, e mais tarde no Inter, onde o então extremo chegou depois de uma curta passagem pelo Parma.
Grande ponto de interesse após a estreia? O discurso de Sérgio Conceição ao intervalo que funcionou como trampolim para uma grande melhoria do AC Milan na segunda parte frente à Juve, conseguindo em menos de cinco minutos a reviravolta com um penálti de Pulisic e um autogolo de Gatti. “Assim não dá, isto é o velho AC Milan. Se queremos ganhar, temos de ter coragem e tomar os nossos riscos. Não se preocupem se perdermos 3-0 ou 4-0, a culpa é minha e só minha. Mas chega de ter medo. Vocês são fortes, ponham isso nas vossas cabeças”, terá dito o treinador português aos jogadores, citado pelo Corriere dela Sera.
“Como é que eu estou? Estou melhor mas espero que a equipa esteja melhor do que eu… Estamos a prepararmo-nos para o jogo. O Inter é uma equipa forte e está habituada a ganhar, com um treinador e jogadores que estão juntos há muito tempo. É bom para eles mas temos de pensar em nós. Tem sido difícil mas nos momentos difíceis temos todos de ser homens. Não nos podemos esquecer de que os adeptos estão a ver-nos. Também não nos podemos esquecer de que temos quatro ou cinco jogadores que não estão no seu melhor. Se a vitória com a Juventus foi sorte? Não se tem sorte se não se trabalhar muito. A sorte vem se tivermos talento, se formos sérios, se tivermos muita vontade. Temos de trabalhar muito”, comentara na antecâmara da partida em Riade, entre as manifestações de respeito pelo Inter e por todas as outras equipas.
Your eleven Rossoneri for a derby-day final! ????#InterMilan #SempreMilan
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Com Rafael Leão e Loftus-Cheek de regresso às opções após lesão mas a começarem no banco, Conceição fez apenas uma alteração na equipa inicial em relação ao onze que defrontou a Juventus, com Bennacer a ficar no banco e Musah a ocupar espaço no meio-campo com Fofana e Reijnders. E os minutos iniciais quase que “ratificaram” essa decisão, com o AC Milan a ter uma entrada bem mais personalizada e destemida do que tinha acontecido com a Juventus com Reijners, médio neerlandês que “explodiu” no AZ em 2022/23 antes de chegar aos rossoneri, em plano de destaque com um primeiro cruzamento/remate após combinação com Pulisic que ficou nas malhas laterais da baliza de Sommer (10′) e mais uma tentativa que passou ao lado depois de uma iniciativa individual na área (15′). Pelo meio, o Inter deixou o primeiro sinal de aviso por Taremi, que voltou à titularidade para esta final ao lado de Lautaro Martínez e atirou de cabeça ao lado (12′).
Apesar de ter menos um dia de descanso e muito poucos treinos com trabalho de campo (a seguir às meias-finais, a prioridade passou sobretudo pela recuperação física), o AC Milan mostrava uma versão que nada tinha a ver com o que se vira na primeira parte do encontro anterior e que deixava o Inter em dificuldades pela forma como os médios percebiam de forma inteligente quando saltar ou ficar na pressão, pela maneira como jogava nos três corredores para fugir ao bloco nerazzurri pelo meio e pela capacidade de impedir as saídas rápidas do adversário na frente pelas laterais. Di Marco, com um grande pontapé que ia ao ângulo se não fosse a intervenção de Maignan, teve a melhor oportunidade da primeira parte (23′) mas o conjunto de Sérgio Conceição não ficava em nada atrás do campeão… até aos descontos: Di Marco fez um lançamento rápido em Mkhitaryan, Taremi assistiu Lautaro Martínez e o argentino não perdoou na área (45+1′).
Lautaro a fazer das dele ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/LwYraC0HLT
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O técnico português voltava a ter uma missão espinhosa pela frente para tentar uma nova reviravolta após sair a perder ao intervalo, com essa dificuldade extra de não ter muito por onde apontar à exibição da equipa ao longo dos 45 minutos. As dificuldades já eram muitas, Taremi aumentou-as: na sequência de um passe longo de De Vrij na profundidade, o iraniano “preparou” a finalização com uma receção espectacular de bola antes do remate que fez o 2-0 (47′). Jogo acabado? Nem por isso. E já com Rafael Leão em campo no lugar de Jiménez, um livre direto de Theo Hernández sem hipóteses para Sommer fez o 2-1 e relançou a final (52′) que ganhava contornos de jogo mais aberto como tinha acontecido no triunfo do Inter com a Atalanta nas meias-finais da Supertaça em que a equipa de Bérgamo teve várias oportunidades para marcar.
Taremi a fazer o segundo do Inter! ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/OaZ5b9mfuW
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Theo Hernández como só ele sabe ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/gDarffSQea
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Só por manifesta infelicidade o AC Milan não chegou ao empate. Já depois de um aviso na sequência de um livre lateral, Pulisic teve um cabeceamento sozinho na área que saiu à figura de Sommer (61′), Reijnders fez o mais difícil logo a seguir, aparecendo isolado sem marcação após uma arrancada fantástica de Rafael Leão pela esquerda para rematar para o empate que só não surgiu porque a bola bateu na cabeça de Bastoni a caminho da baliza (62′) e Morata viu um cabeceamento após cruzamento da direita de Pulisic desviado em cima da linha pelo guarda-redes suíço (64′). A atitude, a crença e a entrega pedidas por Conceição estavam todas lá, entre sustos como um desvio de cabeça de Carlos Augusto que bateu no poste (71′), e o empate chegou já com Abraham e Loftus-Cheek em campo para um jogo mais físico, num remate cruzado na área de Pulisic após passe de Theo Hernández (80′). Estava tudo em aberto até ao golo de Abraham.
Bastoni… a defender com a cara ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/q8QN7a0hXk
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Pulisic marca! ????
A final volta a estar empatada! ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/ppwV1sK08e
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INACREDITÁVEL! ????
Abraham faz o terceiro do Milan e consegue a remontada ????#sporttvportugal #SupercoppaItália #ACMilan #Inter pic.twitter.com/qyqHFyHZo4
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