Os cinco grandes incêndios que deflagraram em Los Angeles esta semana, e que continuam ativos e por dominar, já fizeram pelo menos dez mortos, cujas identidades ainda não estão confirmadas. O número de vítimas tem subido, à medida que também se sucedem relatos de destruição de bairros inteiros e de famílias que ficaram sem casa e sem todos os seus pertences, dado que os fogos estão a lavrar em zonas muito populosas.
O Los Angeles Times conta que em três dias se contam nove mil casas ou edifícios destruídos, havendo neste momento 130 mil pessoas com ordem para abandonarem as suas residências. A maior parte da destruição está a registar-se na zona de Palisades, afetada por um incêndio que já é considerado o mais destrutivo de sempre em território norte-americano.
Segundo a página do Departamento de Proteção Florestal e Fogos da Califórnia, na manhã desta sexta-feira continua a não haver nenhum foco controlado, embora a situação do fogo na zona de Hurst tenha melhorado — estava 10% controlado e passou para uma percentagem de 37%. O mesmo site indica que o fogo de Palisades, que já queimou 8084 hectares, está apenas 6% controlado; o de Eaton, que já queimou 5540 hectares, está ainda zero por cento controlado; Kenneth está a 25% e o foco da zona de Lidia é o mais dominado, estando 75% controlado.
À CNN, o capitão Adan VanGerpen, porta-voz dos bombeiros de Los Angeles, previu que estas percentagens devam melhorar à medida que as condições meteorológicas melhorem também, explicando que neste momento há 2300 bombeiros destacados só para o incêndio de Palisades. Há outros meios a serem enviados para o local, incluindo oito aviões militares C-130, vindos dos estados do Nevada, Wyoming e Colorado.
À medida que vão surgindo notícias de dificuldades a combater os fogos no terreno, os próprios bombeiros queixam-se das condições em que estão a trabalhar. À CNN, esta sexta-feira, o capitão Erik Scott dizia que combater estes incêndios está a ser “extremamente desafiante”, sobretudo quando os bombeiros estão com falta de recursos humanos e de meios para trabalhar.
“Precisamos de mais bombeiros. Temos pessoas a menos e meios a menos”, denunciou. E explicou que, se normalmente o departamento dos bombeiros responde a 1500 emergências e 911 chamadas por dia, neste momento é chamado quatro mil vezes por dia: “Não há paragens”.
Os incêndios estão a trazer outras consequências: o condado de Los Angeles já veio anunciar, esta sexta-feira, uma série de medidas de segurança mais apertadas para zonas que foram evacuadas e onde estão a acontecer pilhagens — tendo sido feitas já mais de 20 detenções por suspeitas disso mesmo. As autoridades de Los Angeles pediram, de resto, reforços à Guarda Nacional do estado da Califórnia para combater este fenómeno.
Aftermath of Pacific Palisades fires shows widespread devastation.
Follow: @AFpost pic.twitter.com/drHN9EJwhz
— AF Post (@AFpost) January 9, 2025
As imagens que vão surgindo nos jornais e nas redes sociais dão uma ideia da dimensão da tragédia, sendo que algumas são reconhecíveis e tiradas em lugares simbólicos. Logo no início dos fogos o LA Times avançava que a Sunset Boulevard, a famosa rua que se estende por quilómetros através de Los Angeles, está “em ruínas”, depois de os incêndios terem devastado a área. Os residentes locais descreveram a destruição total de bancos, cafés e supermercados que frequentavam há décadas.
Drone shot over the Palisades from @KitKarzen pic.twitter.com/S0DO6pdgHe
— Los Angeles Scanner (@LosAngeles_Scan) January 9, 2025
Mesmo nas zonas que não estão a ser diretamente afetadas pelos incêndios, as autoridades avisam que a população corre sérios riscos devido à poluição no ar, além de 400 mil pessoas estarem sem eletricidade. As escolas continuam fechadas.
The wind gusts are devastating. Truly a hurricane of fire.
Video: @stuartpalley pic.twitter.com/b2fprFAgTC
— Dr. Lucky Tran (@luckytran) January 9, 2025
Esta sexta-feira, Portugal ofereceu os seus meios para ajudar. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, escreveu na rede social X que Portugal, “com total solidariedade”, já “pôs à disposição dos Estados Unidos os nossos meios humanos e técnicos de combate aos incêndios, na medida que possam ser úteis ao nosso aliado”. E expressou o seu pesar e empatia relativamente à devastação que está a ser provocada por estes incêndios.
Trump lança acusações, Biden promete pagar custos da recuperação
O Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem estado a atacar as autoridades a vários níveis, focando-se em grande parte nas culpas do governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, e nas suas políticas de gestão florestal.
Trump veio também alegar que os esforços para a conservação de peixes são responsáveis pela falta de água nas bocas de incêndio em Los Angeles, embora a Associated Press, citada pela Agência Lusa, tenha noticiado que os reservatórios do sul da Califórnia estão em níveis de acima da média para esta altura do ano. Além disso, o Presidente-eleito, que tomará posse a 20 de janeiro, alegou que Biden teria “retirado os fundos” da agência federal para a gestão de emergências, mas a CNN lembra que o congresso norte-americano aprovou em dezembro uma injeção de 29 mil milhões de dólares para a agência, que diz ter fundos suficientes para ajudar a combater estes fogos.
Joe Biden foi entretanto, esta sexta-feira, questionado sobre se acredita que a próxima administração Trump continuará a investir na recuperação da Califórnia — o atual Presidente prometeu pagar a 100% os custos do incêndio, que se prevê que seja o mais caro de sempre — e respondeu que “reza” que sim. Biden decidiu entretanto cancelar uma viagem a Itália que estava prevista para esta semana e que seria a última do seu mandato.