O Partido Socialista (PS) enviou um requerimento ao Ministério da Saúde a questionar porque foi apenas atribuída uma vaga de médicos de família à Unidade Local de Saúde (ULS) Almada-Seixal, no distrito de Setúbal.

No requerimento, apresentado pela deputada Eurídice Pereira, membro da Comissão Parlamentar de Saúde, e subscrito pelos deputados socialistas eleitos pelo Circulo Eleitoral de Setúbal, o PS considera que esta decisão do ministério é “um erro grosseiro”.

Um despacho da Administração Central do Sistema de Saúde, publicado em 26 de dezembro, fixou o número máximo de postos de trabalho a preencher nos mapas de pessoal dos órgãos, estabelecimentos ou serviços sob tutela ou superintendência do Ministério da Saúde, para as áreas de Medicina Geral e Familiar, Saúde Pública e Hospitalar.

De acordo com este diploma, existem ao todo seis ULS com apenas uma vaga de Medicina Geral e Familiar atribuída de um total de 225 abertas: Barcelos/Esposende, Gaia e Espinho, Tâmega e Sousa, Alto Minho, Almada-Seixal e Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro.

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Os deputados socialistas consideram que “há uma desconformidade entre os propósitos do preâmbulo do despacho da senhora ministra da Saúde, as necessidades da população e a decisão tomada quanto ao número de postos a preencher de ‘médicos de família’, na ULS Almada-Seixal”.

Segundo a deputada Eurídice Pereira, a exposição de motivos do referido despacho traz à memória o plano de emergência que o atual Governo apresentou para mencionar que, subjacente à decisão agora tornada pública, está a pretensão de assegurar e reforçar os direitos na Saúde, bem como fazer face às desigualdades no acesso.

Autarca perplexo com atribuição de apenas uma vaga para médico de família à ULS Almada-Seixal

“Era suposto que, após análise cuidada da realidade, o Governo, concretamente o Ministério da Saúde, apontasse para que fossem abertos procedimentos concursais que recrutassem recém-especialistas que adquiriram o correspondente grau por força da conclusão da avaliação final do Internato Médico, em número adequado aos propósitos que apregoa”, refere a deputada socialista no requerimento.

Contudo, no caso concreto do recrutamento de profissionais de Medicina Geral e Familiar para a ULS Almada-Seixal, o Ministério da Saúde fixou em um o número máximo de postos a preencher quando, segundo a deputada Eurídice Pereira, existem cerca de 40 mil utentes sem médico de família.

Face ao que consideram ser “uma desconformidade”, os deputados socialistas questionam o Ministério da Saúde sobre a matéria, exigindo uma explicação sobre a atribuição de apenas uma vaga à ULS Almada-Seixal e se a decisão vai ser retificada.

No requerimento, os deputados socialistas perguntam também quantos profissionais de Medicina Geral e Familiar terminaram o internato recentemente nesta ULS e porque não foi, pelo menos, considerado o número de lugares em função dos internatos concluídos.

Por último, solicitam ao Ministério da Saúde que indique quantos utentes sem médico de família estão registados na ULS Almada-Seixal e se considera que uma vaga resolve a resposta necessária aos utentes sem médico de família.

Os socialistas aguardam que a “ministra da Saúde recue e coloque a ‘mão na consciência’ para perceber o erro grosseiro que cometeu”.

A ULS de Almada-Seixal integra o Hospital Garcia de Orta e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, dando resposta a 350 mil habitantes dos dois concelhos.

A atribuição de apenas uma vaga à ULS Almada-Seixal foi recebida com preocupação pelas comissões de utentes e pelos autarcas dos dois concelhos e recebeu críticas da Federação Nacional dos Médicos, que classificou a situação como inaceitável.

Autarca de Almada preocupada por não terem sido abertas vagas para médicos de família no concelho

Segundo a ULS, foram solicitadas 14 vagas, mas autorizada apenas uma, em Amora, no concelho do Seixal, apesar de existirem três médicos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar que manifestaram a sua pretensão de integrar os quadros.

A Unidade Local de Saúde solicitou à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a revisão do número de vagas a serem atribuídas.