Caso a Rússia não tivesse declarado o cessar fogo, a União Europeia já tinha ponderado boicotar o Mundial de Futebol de 2018 que  terá lugar na Rússia. Foi nesta terça feira que se começou a delinear a suspensão da Rússia de “eventos internacionais de caráter cultural, económico ou desportivo”. Desta forma, possivelmente deixaremos de ver a camisola russa em corridas de Fórmula 1, Europeus de Futebol e até mesmo no Mundial de Futebol que iria decorrer nesse país. Esta era a manchete desta quarta feira do Financial Times horas antes da conversa entre Vladimir Putin e Petró Poroshenko.

A ideia surgiu durante uma reunião na União Europeia, esta segunda feira, e depressa teve o aval das várias delegações, principalmente a Estónia e a Lituânia. Esta sanção não fazia parte da lista de restrições económicas que deveriam ser impostas à Rússia no final da semana, mas tinha que ser tomada “uma vez que não vemos boa vontade da parte da Rússia” justificou um diplomata da Letónia esta segunda feira.

O acumular destas situações pode significar que o veto aos eventos desportivos se está a tornar uma nova arma geopolítica. Já em 1979 depois da invasão soviética no Afeganistão os Estados Unidos boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980. Quatro anos depois, o bloco oriental retaliou boicotando os Jogos em Los Angeles.Mujtaba Rahman, líder de análise europeia na consultadoria de risco do Grupo da Euro-asia, acrescentou que “isto vai pressionar os Russos mais do que qualquer ação financeira da União Europeia”.

A par desta medida, as sanções económicas seriam debatidas, esta quarta feira, na Comissão Europeia e só depois aprovadas pelas capitais europeias. Estas medidas não seriam mais do que uma expansão das já aprovadas em Julho. Em linhas gerais, a proibição das companhias russas acederem aos mercados europeus, que hoje em dia só se aplica a grupos de defesa, a grupos de energia e aos bancos estatais russos. Segundo a proposta discutida esta semana todas as empresas petrolíferas e de defesa russas controladas pelo Estado estariam impedidas de levantar fundos nos mercados europeus, este impedimento iria atingir Rosneft, a maior petrolífera russa que é até detida em 20% pela BP e pela Gazprom Neft.

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Estaria também negado o uso dos serviços  das companhia petrolíferas europeias para perfuração de águas profundas, exploração do ártico e produção de óleo de xisto. Esta é uma importante contrapartida uma vez que podem afetar a Technip francesa, a Saipem Italiana e a Inglesa Petrofac. Contudo, não haverá sanções que afetem o setor do gás. Também a banca russa está com um controlo financeiro apertado mas, as novas propostas seriam ainda mas rigorosas, visam impedir os credores estatais russos de usar qualquer instrumento financeiro com vencimento superior a 30 dias, menos do que os 90 dias face aos estipulados nas sanções de julho. Outro dos pontos que preocupa a UE é o das tecnologias de dupla utilização que passarão a constar de uma lista negra e devem ser banidos.

A comunidade internacional estava a traçar um cerco apertado à Rússia. A NATO intensificou a atividade militar nos estados membros de leste após a anexação da Crimeia. E espera que no final desta semana haja uma cimeira no País de Gales para criar uma força de reação rápida.

 

A FIFA já se pronunciou acerca deste assunto aquando do abate do Malysia Airlines MH17 dizendo que “boicotar eventos desportivos não é a forma mais eficaz para resolver os problemas”. Obama está empenhado em demonstrar o seu apoio aos ex estados soviéticos do báltico mas já teria preconizado na terça feira  “é muito importante entender que uma solução militar para este problema não vai ser próxima”.