A administração da Fosun quebrou o silêncio sobre o desaparecimento do seu fundador e presidente, que foi detido na quinta-feira passada no quadro de investigações judiciais sobre corrupção ainda não confirmadas pelas autoridades chinesas. Foi o grupo chinês, dono da Fidelidade, que na sexta-feira veio esclarecer que o seu presidente não executivo, Guo Guangchang, estava a colaborar com uma investigação judicial.

Num conferência telefónica realizada este domingo ao final da tarde (hora local), o presidente da Fosun Internacional, Liang Xinjun, revelou que o inquérito que envolve Guangchang estará provavelmente mais relacionado com “assuntos pessoais” e não com os negócios do maior conglomerado privado chinês. Liang, que é também um dos fundadores da Fosun, confirmou ainda que o presidente da empresa está em Xangai e manifestou a convicção de que a “colaboração” de Guo Guangchang com as investigações judiciais ficará concluída em breve.

O inquérito em causa visará o antigo vice-presidente da câmara de Xangai, Ai Baojun, de acordo com a informação avançada pela agência Bloomberg. As notícias sobre esta investigação foram conhecidas em novembro. A comissão central de inspeção e disciplina do Partido Comunista chinês anunciou que Ai Baojun, de 55 anos, estava a ser investigado por violações de disciplina, um eufemismo normalmente usado para corrupção.

O dirigente, que também liderou a zona de comércio livre de Xangai, foi a primeira autoridade de uma das principais cidades chinesas a ser investigado pelo Partido Comunista no âmbito da batalha contra os subornos na administração do país. Informações avançadas na altura pelo South China Morning Post indicavam que Baojun era suspeito de crimes económicos e que a investigação durou vários meses.

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As respostas da Fosun ao interesse do mercado

O dirigente da Fosun afirmou que confia nas leis e nas reformas que estão abrir o mercado da China e a reafirmou que a atividade da Fosun prossegue com normalidade. Esta segunda-feira está previsto regresso das ações do grupo à negociação depois de terem sido suspensas na sexta-feira, até ao esclarecimento sobre o paradeiro do presidente, um dos milionários chineses mais conhecidos, sobretudo a nível internacional.

A conferência telefónica foi convocada, “em resposta ao interesse do mercado pelo grupo Fosun”, pode ler-se no site da empresa que é um dos grupos chineses com maior visibilidade fora da China. Para além da Fidelidade e da Luz Saúde em Portugal, os investimentos da Fosun estendem-se por vários setores (financeiro, imobiliário e lazer) e por diversos países, dos Estados Unidos, à Europa e Austrália.

Um dos negócios que estava prestes a ser concluído era a compra da principal seguradora israelita, uma operação que poderá ter ficado comprometida pela detenção da principal cara da Fosun.