Isabel II está preocupada com a iminente cisão do Reino Unido, mas ainda não falou publicamente sobre isso. Agora, com todas as sondagens a darem cada vez mais apoio ao sim, as instituições políticas do país viram-se para a rainha em busca de uma palavra decisiva que motive os escoceses a permanecerem numa união com quase 300 anos.
Foi isso que a rainha fez em 1977, quando tanto Gales como a Escócia falavam numa possível independência. No discurso do seu jubileu de prata naquele ano, Isabel II relembrou que tinha sido coroada rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte e que apesar de perceber a ambição de maiores poderes, era “importante olhar para os benefícios” que a união tinha trazido, “tanto em casa, como no meio internacional”.
Agora, vários deputados, tanto do partido conservador, como do partido trabalhista, vêm pedir semelhante intervenção e pensam que basta uma palavra de David Cameron para a rainha agir. Um conservador disse ao Telegraph que “o referendo parece estar empatado e a intervenção da rainha faria toda a diferença”.
Também o trabalhista Simon Danczuk, ao mesmo jornal, garante que uma declaração da rainha “significaria muito para os ingleses e para os escoceses”. De forma privada, a rainha já disse estar “muito preocupada” com a situação segundo The Sunday Times.
Mas é pouco provável que a rainha se venha a pronunciar, segundo avança a Casa Real britânica – a rainha não tem qualquer evento público agendado até à data do referendo. O primeiro-ministro escocês, um dos maiores defensores da independência, já disse publicamente que Isabel II continuaria como chefe de Estado do novo país.
Tanto David Cameron, primeiro-ministro e líder dos conservadores, como Ed Milliband, líder dos trabalhistas, já foram avisados que têm a cabeça a prémio caso o sim ganhe na Escócia no referendo do próximo dia 18 de setembro. Isto vem adicionar mais um fator de instabilidade à incerteza vivida a nível político e económico com o possível fim da pertença da Escócia ao Reino Unido.
A campanha pela manutenção da Escócia no Reino Unido continua agora com Gordon Brown, que está esta semana nas apelidadas terras altas, para apelar à união. O ex-primeiro-ministro já garantiu que caso ganhe o não, o parlamento terá preparado em seis semanas um acordo que vai dar mais poderes ao governo regional.
Só nesta segunda-feira, seis empresas com profundas ligações à Escócia perderam 2,3 mil milhões de libras no índice FTSE 100, ao mesmo tempo que a libra desce para um mínimo de dez meses face ao dólar. Ao mesmo tempo, vários bancos mundiais, como o Nomura, maior banco japonês, já avisaram os seus investidores do perigo da exposição da libra face ao referendo.