Diane Foley, mãe do jornalista norte-americano morto às mãos do Estado Islâmico no Iraque (EI), diz que está “chocada e envergonhada” pela forma como o Governo dos EUA lidou com o caso de James. “Disseram-nos várias vezes que podíamos ser processados se tentássemos negociar um resgate”, disse a mãe numa entrevista à CNN transmitida na quinta-feira à noite.
Segundo Diane, as autoridades norte-americanas terão dito diversas vezes à família que o Governo não iria negociar trocas de prisioneiros ou levar a cabo uma ação militar como parte do plano de resgatar James Foley. E para “não irem à imprensa”. “Acho que os nossos esforços para libertar o Jim [como era tratado] eram um incómodo para o Governo dos EUA. Isto não parecia estar nos interesses estratégicos deles”, disse.
“O Jim morreu da forma mais horrível possível. Foi sacrificado por causa de uma falha de coordenação, de comunicação e falha de prioridades”, disse Diane, sublinhando que a família se sentiu abandonada pelo Governo norte-americano. “Tivemos de encontrar o nosso próprio caminho para atravessar esta situação”, disse.
Disse ainda que as autoridades lhes disseram várias vezes que negociar resgates era “ilegal” e que podiam ser “processados por isso”. No fundo, diz, “faziam-nos acreditar que ele seria libertado de alguma forma, miraculosamente”.
O vídeo publicado online a 19 de agosto, que culminaria com a execução do jornalista norte-americano, mostra James Foley ajoelhado ao lado de um jihadista, a ler uma mensagem onde dizia que o seu “verdadeiro assassino” era o Governo norte-americano. A execução de Foley foi, segundo os militantes extremistas do Estado Islâmico, uma resposta aos ataques aéreos levados a cabo pelos EUA no Iraque. Caso não parassem, ameaçava o jihadista no vídeo, iria haver mais vítimas. Foi o que acabou por acontecer, com a morte, cerca de duas semanas depois (a 2 de setembro) de outro jornalista norte-americano, Steven Sotloff.
Um dia depois de Barack Obama ter discursado para o país para dar conta de uma operação de larga escala de ataque ao Estado Islâmico, não só no Iraque como na Síria, a mãe do jornalista admitiu que a estratégia para eliminar o grupo terrorista tenha de passar pelos bombardeamentos e medição de forças, mas lamentou que “isso tenha servido apenas para custar a morte do Jim”. “O Governo precisa de ser mais perspicaz, mais esperto e mais disposto para negociar com estas pessoas que nos odeiam”, disse.
Sobre a operação de resgate na Síria que chegou a ser levada a cabo pelo Presidente Obama com o intuito de libertar Foley, Sotloff e os restantes prisioneiros do EI, Diane apontou a razão do fracasso ao facto de ter sido “muito tarde”. “A sua localização já era conhecida há mais de um ano”, lamentou.
E concluiu: “Acho realmente que o nosso país deixou o Jim cair”.