O primeiro-ministro britânico anunciou que o referendo que vai decidir a continuação do país na União Europeia (UE) se vai realizar a 23 de junho deste ano, uma quinta-feira.

A data foi anunciada depois de uma reunião do governo este sábado e na sequência do acordo obtido na cimeira entre os líderes europeus para aceder a algumas das exigências de Londres para apoiar a manutenção do Reino Unido na Europa a 28.

David Cameron anunciou igualmente, e sem surpresas, que vai apoiar a permanência do Reino Unido na UE, já que a saída ameaçaria a segurança económica e nacional, disse. “Eu não amo Bruxelas, amo a Grã-Bretanha”, afirmou o primeiro-ministro, que falou durante vários minutos em Downing Street, à saída da residência oficial. “Sou o primeiro a dizer que há muitas coisas nas quais a União precisa de melhorar. Nunca direi que o nosso país não sobreviveria fora da Europa, não é isso que está em questão. O que está em questão é que ficaremos melhor, mais seguros e mais fortes dentro da UE”, explicou.

O referendo sobre o Brexit foi uma promessa eleitoral do Partido Conservador nas eleições do ano passado em resposta à crescente pressão de certos setores do Reino Unido para sair da União Europeia. David Cameron sempre disse que queria cumprir a promessa, mas aproveitou a ocasião para tentar obter de Bruxelas melhores condições da presença do país no clube dos 28. Em novembro passado, apresentou uma lista de propostas que estiveram na base do acordo alcançado esta sexta-feira. Desse texto constam algumas limitações aos direitos sociais de imigrantes, a proibição de que se use o dinheiro dos contribuintes britânicos para pagar resgates na zona euro e certas medidas de proteção comercial, entre outras.

A reunião governamental deste sábado — convocada de emergência depois do fim das negociações em Bruxelas — foi longa e não culminou num apoio unânime do governo britânico à permanência na União. Há pelo menos quatro ministros do executivo de Cameron que são contra e vão fazer campanha pelo Brexit. As últimas sondagens disponíveis mostram uma grande divisão na sociedade britânica: o stay e o leave têm percentagens de voto muito próximas.

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O acordo com as autoridades e Bruxelas foi celebrado por David Cameron como a devolução ao Reino Unido de uma posição mais forte dentro da Europa, mas está a ser visto no país como um pacto bem mais fraco do que era expectável. O líder trabalhista, por exemplo, acha que Cameron só se preocupou com a oposição interna do partido e não com os cidadãos. “Não fez nada para promover empregos seguros, proteger a nossa indústria siderúrgica ou para travar o aumento dos trabalhadores com baixos salários e a nivelação por baixo dos rendimentos”, afirmou Jeremy Corbyn, que ainda assim promete que o Partido Trabalhista vai fazer campanha pela permanência na União Europeia.

O caminho para o referendo começa oficialmente na segunda-feira. Should they stay or should they go? Os britânicos decidirão.