Mais de 11 milhões de documentos (e 2,6 terabytes de informação) foram divulgados este domingo, 3 de abril, revelando um intricado esquema de offshores que envolve chefes de Estado, centenas de políticos em todo o mundo, banqueiros, criminosos, celebridades e até jogadores de futebol como Lionel Messi, que usaram paraísos fiscais para esconder dinheiro e património. Os ficheiros que marcam a atualidade pertenciam à base de dados da Mossack Fonseca, sediada no Panamá — é a quarta maior empresa de advocacia do mundo especializada em paraísos fiscais; administra empresas offshore e faz gestão de fortunas.

A massiva fuga de informação está a provocar reações em diferentes pontos do globo, a começar pela própria Mossack Fonseca, que já emitiu um comunicado publicado pelo The Guardian.

A empresa começa por dizer que não pode providenciar respostas a questões que dizem respeito a assuntos específicos, uma vez que estaria a violar as suas políticas de confidencialidade e obrigações legais para com os clientes.

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No entanto, podemos confirmar que as partes citadas em muitas das circunstâncias não são nem nunca foram clientes da Mossack Fonseca”, lê-se na resposta.

Assegurando que presta serviços amplamente disponíveis e utilizados em todo o mundo, a empresa garante que sempre cumpriu os protocolos internacionais de modo a garantir que “as empresas que incorporamos não estão a ser usadas para evasão fiscal, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo ou outros propósitos ilícitos”.

A isso acrescentam-se as primeiras consequências do escândalo associado à divulgação de milhões de documentos: segundo o The Guardian, o primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, deverá ter de enfrentar pedidos de eleições antecipadas no Parlamento já na próxima semana. O escândalo dá conta da existência de empresas offshore controladas por figuras de renome, incluindo o primeiro-ministro que agora deverá ter de enfrentar os líderes da oposição.

Já antes Gunnlaugsson tinha abandonado uma entrevista a meio, realizada pela televisão sueca SVT, quando lhe foi colocada uma pergunta sobre impostos. Em causa estava uma questão relacionada com uma empresa chamada Wintris, que o primeiro-ministro islandês garantiu estar declarada às autoridades fiscais islandesas. Gunnlaugsson disse não estar preparado para responder a tal pergunta e decidiu descontinuar a entrevista dizendo “O que estão a tentar fazer aqui? Isto é totalmente inapropriado”. O vídeo da entrevista está disponível aqui.

Num registo completamente diferente, o britânico The Mirror noticia que Lionel Messi, juntamente com a família, vai processar o jornal espanhol El Confidencial por difamação, depois de a publicação ter associado o jogador do Barcelona ao escândalo de evasão fiscal já batizado de “Panama Papers”.

Messi, que vai a tribunal com o pai por acusações de fraude fiscal, é acusado pelo jornal de estabelecer uma rede de evasão fiscal através de uma empresa do Panamá de nome Mega Star Enterprises, de maneira a evitar pagar impostos associados aos acordos de direitos de imagem.

O El Confidencial já confirmou que tanto o jogador como o seu pai vão tomar providências legais contra este órgão de comunicação, enquanto um comunicado por parte da família Messi é esperado já esta segunda-feira de manhã.