Mais de 11 milhões de documentos (e 2,6 terabytes de informação) foram divulgados este domingo, 3 de abril, revelando um intricado esquema de offshores que envolve chefes de Estado, centenas de políticos em todo o mundo, banqueiros, criminosos, celebridades e até jogadores de futebol como Lionel Messi, que usaram paraísos fiscais para esconder dinheiro e património. Os ficheiros que marcam a atualidade pertenciam à base de dados da Mossack Fonseca, sediada no Panamá — é a quarta maior empresa de advocacia do mundo especializada em paraísos fiscais; administra empresas offshore e faz gestão de fortunas.
A massiva fuga de informação está a provocar reações em diferentes pontos do globo, a começar pela própria Mossack Fonseca, que já emitiu um comunicado publicado pelo The Guardian.
Panama Papers: uma bomba Mossack Fonseca!https://t.co/0cDMKmgJa6 via @o_antagonista Foto @BBCNews #PanamaPapers pic.twitter.com/XJP89H1W3Y
— TheRageGT ???????? (@Leo_Alli) April 3, 2016
A empresa começa por dizer que não pode providenciar respostas a questões que dizem respeito a assuntos específicos, uma vez que estaria a violar as suas políticas de confidencialidade e obrigações legais para com os clientes.
No entanto, podemos confirmar que as partes citadas em muitas das circunstâncias não são nem nunca foram clientes da Mossack Fonseca”, lê-se na resposta.
Assegurando que presta serviços amplamente disponíveis e utilizados em todo o mundo, a empresa garante que sempre cumpriu os protocolos internacionais de modo a garantir que “as empresas que incorporamos não estão a ser usadas para evasão fiscal, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo ou outros propósitos ilícitos”.
#Iceland’s PM, Sigmundur Davíð #Gunnlaugsson, faces calls for snap election after offshore revelations https://t.co/1qZys9iQbD #PanamaLeaks
— Lars Pellinat (@Lars9596) April 3, 2016
A isso acrescentam-se as primeiras consequências do escândalo associado à divulgação de milhões de documentos: segundo o The Guardian, o primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, deverá ter de enfrentar pedidos de eleições antecipadas no Parlamento já na próxima semana. O escândalo dá conta da existência de empresas offshore controladas por figuras de renome, incluindo o primeiro-ministro que agora deverá ter de enfrentar os líderes da oposição.
Já antes Gunnlaugsson tinha abandonado uma entrevista a meio, realizada pela televisão sueca SVT, quando lhe foi colocada uma pergunta sobre impostos. Em causa estava uma questão relacionada com uma empresa chamada Wintris, que o primeiro-ministro islandês garantiu estar declarada às autoridades fiscais islandesas. Gunnlaugsson disse não estar preparado para responder a tal pergunta e decidiu descontinuar a entrevista dizendo “O que estão a tentar fazer aqui? Isto é totalmente inapropriado”. O vídeo da entrevista está disponível aqui.
PANAMA PAPERS: Footballer Lionel Messi, under investigation for tax fraud in Spain, named.https://t.co/TsHpNb37pk pic.twitter.com/bfoIdFepYT
— The Spain Report (@thespainreport) April 3, 2016
Num registo completamente diferente, o britânico The Mirror noticia que Lionel Messi, juntamente com a família, vai processar o jornal espanhol El Confidencial por difamação, depois de a publicação ter associado o jogador do Barcelona ao escândalo de evasão fiscal já batizado de “Panama Papers”.
Messi, que vai a tribunal com o pai por acusações de fraude fiscal, é acusado pelo jornal de estabelecer uma rede de evasão fiscal através de uma empresa do Panamá de nome Mega Star Enterprises, de maneira a evitar pagar impostos associados aos acordos de direitos de imagem.
O El Confidencial já confirmou que tanto o jogador como o seu pai vão tomar providências legais contra este órgão de comunicação, enquanto um comunicado por parte da família Messi é esperado já esta segunda-feira de manhã.