A comissão parlamentar de inquérito ao Banif já conseguiram identificar um endereço direto para Vítor Constâncio e vai propor que o vice-governador do Banco Central Europeu seja ouvido em audição através de vídeoconferência.
A iniciativa surge depois de na semana passada Vítor Constâncio se ter recusado a responder às perguntas dos deputados portugueses sobre o Banif, invocando que o BCE não presta contas aos parlamentos nacionais, mas ao Parlamento Europeu.
A partir de Amesterdão, onde acompanhava a reunião informal dos ministros das Finanças, Constâncio assegurou ainda não ter recebido qualquer pedido nesse sentido, o que foi aliás confirmado esta terça-feira por António Filipe.
Ainda assim, a resposta dada pelo vice-governador no final da semana passada gerou protestos entre os vários partidos políticos, lembrando que Constâncio também é cidadão português e que deve respeitar a lei portuguesa.
O coordenador do PSD, Carlos Abreu Amorim veio reafirmar que Vítor Constâncio tem explicações a dar sobre o papel que desempenhou no Banif, enquanto vice-governador do Banco Central Europeu, citando testemunhos e documentação enviada para a comissão de inquérito. E até invocou o 25 de Abril.
“É em homenagem ao 25 de Abril e à democracia parlamentar” que Vítor Constâncio tem de dar esclarecimentos ao parlamento português, presencialmente ou em vídeoconferência. Invocando a recusa “injustificável” do atual vice-governador do BCE, Carlos Abreu Amorim lembra que Constâncio foi ministro, líder do PS e governador do Banco de Portugal, exigindo que reconsidere a disponibilidade depois da postura conhecida na semana passada que qualificou de arrogante de alguma soberba.
Em resposta aos jornalistas, Abreu Amorim distinguiu ainda a atitude de Vítor Gaspar, que foi o ministro das Finanças que aprovou a ajuda pública ao Banif, e que alegou indisponibilidade temporal para responder presencialmente à comissão antes de julho. Gaspar, trabalha no FMI em Washington, vai responder por escrito como fez no inquérito ao Banco Espírito Santo.
Ainda durante a audição, António Filipe adiantou que foi enviado um novo requerimento ao Banco Central Europeu, assegurando que a informação remetida para a comissão, designadamente atas de reuniões em que foram tomadas medidas sobre o Banif, será mantida confidencial.
Estas declarações surgiram na audição ao presidente do Fundo de Resolução. José Berberán Ramalho considerou “lamentável” a não divulgação da totalidade das atas do conselho de supervisão por parte do BCE, ao contrário do que o Banco de Portugal pediu.
Atualizado com declaração de deputado do PSD